Três soldados reservistas do exército de Israel registraram uma petição na Suprema Corte para questionar se a Operação Carruagens de Gideão, conduzida em Gaza, segue em violação da lei internacional, à medida que parece buscar a transferência compulsória — isto é, limpeza étnica — da população do enclave.
Conforme reportagem publicada pelo jornal israelense Haaretz nesta segunda-feira (7), o ministro Khaled Kabub solicitou do exército uma resposta aos peticionários, na esperança de poupar a corte de deliberar sobre a matéria.
Em carta enviada aos soldados pelo escritório do chefe de Estado-maior do exército israelense, Eyal Zamir, o exército afirmou “operar amplamente por toda a Faixa de Gaza contra alvos terroristas [sic], mediante disparos e incursões por terra”.
As forças ocupantes insistiram na tese de que as ordens de evacuação aos residentes, sob bombardeios, têm como intuito “reduzir os riscos aos civis”.
Os soldados peticionários reconheceram, no entanto, que o deslocamento forçoso e permanente dos palestinos de Gaza — identificado publicamente como um dos objetivos de guerra do regime ocupante — constitui um ato militar ilegal, em franca violação da lei internacional e dos “valores do exército de Israel [sic]”.
O exército israelense, no entanto, é fruto de uma conjunção de milícias coloniais sionistas que operaram na Nakba, ou catástrofe, de 1948, quando 800 mil palestinos nativos foram expulsos de suas terras e cerca de 500 aldeias e cidades foram destruídas, em atos deliberados de limpeza étnica similares a Gaza.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo e alertas humanitários em Gaza, ao manter ataques indiscriminados contra a população e à infraestrutura civis desde outubro de 2023, com 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados em condições de fome e miséria, sob cerco militar. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.
A campanha israelense é reconhecida como crime de genocídio, sob investigação do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, conforme denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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