A Organização das Nações Unidas (ONU) reiterou alarde sobre o massivo deslocamento contínuo na Faixa de Gaza sitiada, sob ataques de Israel, ao alertar que mais de 700 mil pessoas foram desabrigadas desde o fim do cessar-fogo, em março, reportou a agência Anadolu.
“Autoridades israelenses emitiram no domingo (6) mais uma ordem de deslocamento a partes de Khan Younis, pela segunda vez em dois dias”, relatou nesta segunda-feira (7) Stephane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas. “Nossos colegas estimam que mais de 50 mil pessoas estão radicadas na área marcada para deslocamento”.
“Lembramos que, desde o fim do cessar-fogo, no mês de março, mais de 700 mil seres humanos foram deslocados à força em Gaza, muitos dos quais mais de uma vez — sem qualquer lugar seguro para onde ir”, acrescentou.
Dujarric observou que palestinos “foram mortos no fim de semana enquanto tentavam obter ajuda”, ao advertir também para o colapso do sistema de saúde, com a chegada das vítimas acumuladas dos postos assistenciais israelo-americanos.
“Novamente, condenamos claramente a morte de todos os civis”, reafirmou, ao notar o relatório recente do Programa Alimentar Mundial (PAM, agência da ONU), conforme o qual “uma a cada três pessoas em Gaza não come há dias”.
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Dujarric ressaltou apelos para que as autoridades ocupantes abram todas as travessias ao acesso humanitário, ao corroborar que “pelo quarto mês consecutivo, Israel impede a entrada de quaisquer combustíveis em Gaza”.
O porta-voz advertiu ainda para um “iminente blecaute de internet” devido à falta de insumos energéticos no enclave sitiado, levando à falta de comunicação entre Gaza e o mundo externo, com repercussões preocupantes.
Dujarric alertou, por fim, que três das oito solicitações de coordenação humanitária da ONU, registrados no domingo, foram indeferidos pela ocupação.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza há mais de 630 dias, com mais de 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob cerco e catástrofe de fome.
Em março, o exército israelense intensificou o cerco e retomou seus ataques intensivos a Gaza, ao rescindir unilateralmente um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros firmado com o grupo palestino Hamas em janeiro.
Em novembro passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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