O Co-operative Group (Co-op), um dos maiores varejistas do Reino Unido, confirmou o fim da venda de produtos ou ingredientes “made in Israel” em suas lojas, ao mencionar violações graves de direitos humanos e da lei internacional.
Em maio, 73% do corpo de filiados da cooperativa votaram a favor de uma moção para encerrar relações com Israel devido ao genocídio em Gaza.
A decisão removerá dezenas de bens produzidos pelo Estado ocupante das 2.300 lojas da Co-op. A medida sucede anos de pressão da base da cooperativa, para que a marca alinhasse suas operações com seus compromissos éticos.
A mudança de política se embasou em informes independentes, incluindo de agências das Nações Unidas, ao identificar Israel como responsável por violações generalizadas e sistêmicas de direitos humanos fundamentais.
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A cooperativa confirmou ainda que o boicote se aplicará não apenas a itens fabricados por empresas israelenses, como produtos que possuam ingredientes destas, ao fechar efetivamente as portas de sua rede de abastecimento.
Debbie White, presidente do conselho da Co-op, descreveu a ação como uma posição de princípios: “Estamos comprometidos, onde podemos agir, em remover produtos e ingredientes de nossas prateleiras que sejam fornecidos por países onde se demonstra, pelo consenso internacional, que não alinhamento com nossos valores”.
A medida coincide com intensificação da campanha global pelo fim da cumplicidade de governos e companhias nos crimes de Israel contra o povo palestino. Ao menos 56 mil palestinos foram mortos em Gaza em 620 dias, a maioria mulheres e crianças.
Nesta conjuntura, o Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há 18 meses.
Em um avanço similar, a gigante de navegação comercial Maersk corroborou encerrar o manuseio de cargas dos assentamentos ilegais, ao citar a lei internacional.
A Campanha de Solidariedade Palestina, radicada no Reino Unido, caracterizou a ação da Co-op como marco ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). “É uma mensagem a Israel e aliados: a impunidade custa caro”, disse um porta-voz.
A Co-op tem histórico de princípios éticos, como um dos primeiros varejistas britânicos a cortar relações com o regime de apartheid na África do Sul. Ativistas esperam que a medida encoraje outros negócios a seguirem a deixa.
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