Centenas de milhares de palestinos em Gaza têm somente uma refeição a cada dois ou três dias, sob violento cerco militar israelense, confirmou nesta terça-feira (6) a Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
Adnan Abu Hasna, porta-voz da UNRWA, reiterou à rede Al-Ghad TV que “ao menos 66 mil crianças em Gaza sofrem hoje de severa desnutrição”.
Em 2 de março, Israel anunciou fechamento total das travessias de fronteira, ao banir a entrada de alimento, água, medicamentos e insumos humanitários a Gaza, e agravar a catástrofe que assola a região, após 580 dias de bombardeios.
Estimativas divulgadas pelo gabinete de comunicação do governo em Gaza registraram ao menos 57 óbitos decorrentes da fome desde outubro de 2023. Conforme dados do Banco Mundial, cerca de 2.3 milhões de palestinos de Gaza dependem hoje de socorro humanitário para sobreviver.
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Na noite de domingo (4), o Gabinete de Segurança do governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, aprovou um plano para supostamente distribuir assistência em Gaza mediante empreiteiras privadas americanas.
O plano, porém, foi rejeitado pelas Nações Unidas e dezenas de grupos internacionais, que apontaram grave detrimento a princípios humanitários, ineficácia logística e risco à segurança de civis palestinos e trabalhadores assistenciais.
A Equipe Humanitária das Nações Unidas em Gaza ressaltou, de sua parte, que o plano carece de “princípios de humanidade, independência e neutralidade”.
Abu Hasna reiterou: “A UNRWA não será parte do novo plano israelense para a Faixa de Gaza … que claramente não adere a quaisquer padrões da ONU”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 52 mil mortos — sobretudo mulheres e crianças.
Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
O Estado de Israel é ainda é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — corte-irmã do TPI; ambas em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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