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Centenas de palestinos deixam as cadeias de Israel, incluindo mulheres e crianças

27 de fevereiro de 2025, às 11h17

Prisioneiros palestinos, escoltados por equipes da Cruz Vermelha, chegam ao Hospital Europeu de Khan Yunis, em Gaza, em 27 de fevereiro de 2025 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Grupos de resistência em Gaza entregaram os corpos de quatro prisioneiros de guerra israelenses a equipes da Cruz Vermelha, na madrugada desta quinta-feira (27), em troca — realizada simultaneamente — de centenas de prisioneiros palestinos, dias antes de expirar a primeira fase do acordo de cessar-fogo, reportou o Centro de Informações da Palestina.

Nael Barghouti, prisioneiro há mais tempo encarcerado no mundo, enfim libertado das cadeias de Israel após 45 anos [@Aljarmaqnetnews/X]

Segundo relatos compartilhados online, entre os recém-libertados está Nael Barghouti — que detém o desafortunado recorde mundial de tempo em custódia, após servir 45 anos nas cadeias do Estado ocupante.

Israel confirmou receber os corpos, entregues com a assistência dos mediadores egípcios via travessia de fronteira.

Neste mesmo momento, um comboio da Cruz Vermelha com dezenas de palestinos deixou a penitenciária de Ofer, rumo a Beitunia, próximo a Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Os ônibus dos ex-prisioneiros foram recebidos com as boas-vindas de uma multidão, incluindo abraços e fotos de amigos e familiares.

Horas depois, um outro comboio com 465 palestinos chegou a Khan Younis em Gaza, conforme a Al Jazeera. Ao deixarem o ônibus, após o duro período em custódia, com relatos de maus tratos e torturas graves, alguns dos ex-prisioneiros foram registrados beijando o chão de sua terra.

Segundo o Gabinete de Imprensa para Assuntos dos Prisioneiros (Asra), o sétimo lote de prisioneiros libertados contou com 642 palestinos, incluindo 457 sequestrados em Gaza e ainda 46 mulheres e crianças.

A assessoria corroborou também que 42 prisioneiros, junto de 151 que serviam penas extensas ou perpétuas, seriam libertados a Cisjordânia ou Jerusalém Oriental, além de outros 97 a serem deportados ao Egito.

“A única maneira de libertar os israelenses em custódia é por negociação e pelo respeito do governo israelense ao que fora acordado”, reiterou o Hamas.

Após a troca, o grupo palestino, que administra Gaza, ressaltou seu compromisso com as provisões do cessar-fogo, bem como sua prontidão para negociar a segunda fase do acordo. Israel, no entanto, não se apresentou à mesa de negociações até então.

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O Hamas, porém, alertou contra tentativas previamente anunciadas do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de rescindir ou obstruir o acordo, com prejuízo aos reféns e a suas famílias.

Netanyahu — foragido em 120 países, sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza — sofre pressão interna pelo seguimento do acordo.

Gaza, após 15 meses de genocídio israelense, continua em ruínas, totalizando 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados. Dentre as vítimas fatais, cerca de 18 mil são crianças.