Grupos de resistência em Gaza entregaram os corpos de quatro prisioneiros de guerra israelenses a equipes da Cruz Vermelha, na madrugada desta quinta-feira (27), em troca — realizada simultaneamente — de centenas de prisioneiros palestinos, dias antes de expirar a primeira fase do acordo de cessar-fogo, reportou o Centro de Informações da Palestina.

Nael Barghouti, prisioneiro há mais tempo encarcerado no mundo, enfim libertado das cadeias de Israel após 45 anos [@Aljarmaqnetnews/X]
Segundo relatos compartilhados online, entre os recém-libertados está Nael Barghouti — que detém o desafortunado recorde mundial de tempo em custódia, após servir 45 anos nas cadeias do Estado ocupante.
Israel confirmou receber os corpos, entregues com a assistência dos mediadores egípcios via travessia de fronteira.
Neste mesmo momento, um comboio da Cruz Vermelha com dezenas de palestinos deixou a penitenciária de Ofer, rumo a Beitunia, próximo a Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Os ônibus dos ex-prisioneiros foram recebidos com as boas-vindas de uma multidão, incluindo abraços e fotos de amigos e familiares.
Horas depois, um outro comboio com 465 palestinos chegou a Khan Younis em Gaza, conforme a Al Jazeera. Ao deixarem o ônibus, após o duro período em custódia, com relatos de maus tratos e torturas graves, alguns dos ex-prisioneiros foram registrados beijando o chão de sua terra.
Segundo o Gabinete de Imprensa para Assuntos dos Prisioneiros (Asra), o sétimo lote de prisioneiros libertados contou com 642 palestinos, incluindo 457 sequestrados em Gaza e ainda 46 mulheres e crianças.
A assessoria corroborou também que 42 prisioneiros, junto de 151 que serviam penas extensas ou perpétuas, seriam libertados a Cisjordânia ou Jerusalém Oriental, além de outros 97 a serem deportados ao Egito.
“A única maneira de libertar os israelenses em custódia é por negociação e pelo respeito do governo israelense ao que fora acordado”, reiterou o Hamas.
Após a troca, o grupo palestino, que administra Gaza, ressaltou seu compromisso com as provisões do cessar-fogo, bem como sua prontidão para negociar a segunda fase do acordo. Israel, no entanto, não se apresentou à mesa de negociações até então.
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O Hamas, porém, alertou contra tentativas previamente anunciadas do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de rescindir ou obstruir o acordo, com prejuízo aos reféns e a suas famílias.
Netanyahu — foragido em 120 países, sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza — sofre pressão interna pelo seguimento do acordo.
Gaza, após 15 meses de genocídio israelense, continua em ruínas, totalizando 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados. Dentre as vítimas fatais, cerca de 18 mil são crianças.