O movimento Hamas confirmou nesta sexta-feira (21) investigar as recentes alegações de Israel de que um corpo não-identificado foi entregue em meio à troca de prisioneiros, no que diz respeito à falecida prisioneira de guerra Shiri Bibas, cujo corpo foi devolvido, junto dos dois filhos, no dia anterior.
O Hamas reiterou ainda seu compromisso com cessar-fogo e alertou contra as ameaças do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
“Recebemos as queixas através de nossos mediadores e examinaremos a questão com máxima seriedade antes de anunciar, com transparência, todos os resultados”, afirmou o Hamas em comunicado.
Segundo o grupo palestino, é possível um engano na recuperação e identificação dos corpos, dada a extensão dos bombardeios indiscriminados de Israel contra a Faixa de Gaza, ao longo de 470 dias.
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Todavia, enfatizou: “Temos demonstrado nosso pleno compromisso a todos acordos, através de nossa conduta, nos dias recentes. Não temos interesse algum em reter os corpos”.
O grupo de resistência destacou ainda a necessidade de proceder conforme todas as provisões do acordo — militares e humanitárias — para seguir com o cessar-fogo e a reabilitação de Gaza.
Sobre o suposto teste de DNA em torno do corpo retornado a Israel e as respostas do governo, reiterou o Hamas: “As ameaças de Netanyahu não têm outro objetivo senão melhorar sua imagem política”.
O Hamas pediu também que Israel devolva o corpo da mulher não-identificada, supostamente palestina, para proceder com a perícia de maneira transparente.
Na manhã de sexta, Netanyahu acusou o Hamas de violar os termos do acordo ao entregar o corpo de uma desconhecida em vez da refém Shiri Bibas.
A entrega de Shiri e seus dois filhos, Ariel e Kfir, junto do colono Oded Lifshitz, ocorreu nesta quinta-feira (20) como seguimento do acordo, cujo cronograma se viu ameaçado na semana passada por consecutivas violações de Israel.
O Hamas insiste que os prisioneiros de guerra então rendidos foram mortos pelos 470 dias ataques de Israel à infraestrutura geral de Gaza.
A acusação do Hamas ecoa indícios de que os ataques de Israel, sob método de carpet bombing, ou bombardeio de saturação, incluindo alvos civis, culminaram na morte de dezenas de reféns.
Israel lançou sua campanha de extermínio e punição coletiva contra a Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023, após uma ação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados. O exército israelense alegou 1.200 mortes na época, número sob escrutínio após vazamentos ao jornal Haaretz indicarem “fogo amigo”.
Em Gaza, de 7 de outubro de 2023 a 19 de janeiro de 2025, a campanha retaliação e punição coletiva conduzida por Israel deixou ao menos 48 mil mortos, cem mil e dois milhões de desabrigados. Entre as vítimas fatais, mais de 17.500 crianças.
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