O exército da ocupação israelense manteve sua agressão contra cidades e vilarejos no norte da Cisjordânia, deflagrada há mais de duas semanas, deixando mortos, feridos, prisioneiros e milhares de deslocados à força, em meio à destruição generalizada de propriedades palestinas e sua infraestrutura.
Em Jenin, a ocupação continua sua agressão contra a cidade, seu campo de refugiados e algumas das localidades ao redor pelo 18º dia consecutivo, resultando na morte de 25 palestinos, incluindo mulheres e crianças. As forças israelenses feriram e prenderam dezenas de pessoas, ao bombardear casas, destruir centenas de unidades habitacionais e deslocar milhares de cidadãos nativos.
Fontes locais relataram ouvir que grandes explosões dentro do campo de Jenin, devido à demolição de casas de civis, à medida a ocupação insiste em enviar reforços militares do checkpoint de Al-Jalama em direção ao campo e seus arredores, reportou a rede de notícias Wafa.
Números oficiais indicam que cerca de 90% dos residentes do campo de refugiados de Jenin foram deslocados à força, rumo a cidades e aldeias na província homônima.
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Forças da ocupação impedem também que jornalistas e equipes médicas entrem na cidade e no campo, em meio a um cerco sufocante e extensas operações de demolição e escavação com tratores do exército.
Fontes disseram à Al Jazeera que as forças de Israel reforçaram sua presença ao redor do campo, incluindo vigilância intensiva com drones.
Na semana passada, o exército de ocupação explodiu blocos residenciais no campo de Jenin pela primeira vez desde a Segunda Intifada, em 2002.
As forças israelense também mantém um cerco contra o Hospital Público de Jenin, após destruírem sua entrada principal e a rua de acesso. O hospital sofre com uma escassez grave de água potável, em meio a esforços da Prefeitura de Jenin e da Defesa Civil para reabastecê-lo via pequenos tratores agrícolas pequenos — já que a ocupação impede que caminhões-pipa entrem no perímetro.
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Soldados israelenses detiveram passageiros de um veículo palestino no bairro de Al-Kharouba, ao revistá-los e interrogá-los com violência ímpar. Outra blitz foi montada no cruzamento de Al-Jalbuni, no centro da cidade.
Israel também prendeu um jovem após invadir uma casa onde ele estava, localizada na cidade de Burqin, a oeste de Jenin. Outro rapaz foi preso em Yamoun.
Em meio aos ataques, persistem os cortes de energia em vários bairros do campo de Jenin e arredores, além de interrupções no fornecimento de água devido à destruição da infraestrutura, o que impede as equipes municipais de reparar a rede de serviços.
A Cisjordânia vive uma escalada sem precedentes no contexto do cessar-fogo em Gaza, em vigor desde 19 de janeiro, após 470 dias de genocídio, com 47 mil mortos, 111 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Em julho, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação militar israelense na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao instar imediata evacuação de todos os colonos e soldados, além de reparação aos nativos.
Em setembro, a medida evoluiu a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, com prazo de um ano para ser implementada.