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Genocídio israelense na Palestina continua há 76 anos, reafirma neto de Mandela

Nkosi Zwelivelile Mandela em Berlim, na Alemanha, 18 de outubro de 2019 [Adam Berry/Getty Images]

Nkosi Zwelivelile Mandela, neto de Nelson Mandela, estadista e líder sul-africano na luta contra o apartheid, reafirmou que o “o genocídio, a limpeza étnica, os crimes de guerra e os crimes de lesa-humanidade” cometidos por Israel na Palestina histórica continuam há 76 anos.

Em entrevista à agência Anadolu em Genebra, o membro da Assembleia Nacional da África do Sul, comentou:

“A guerra não começou em 7 de outubro, temos de ser claros sobre os fatos. O genocídio, a limpeza étnica, os crimes de guerra e os crimes de lesa-humanidade se mantém em curso há 76 anos, desde 1948”.

Mandela observou que, na ocasião, conhecida como Nakba ou catástrofe, ao menos 531 aldeias foram destruídas por massacres de milícias sionistas, para permitir a criação do Estado colonial de Israel. Ao menos 800 mil pessoas foram expulses de suas terras.

“Portanto, jamais, em momento algum, desejamos reduzir este conflito ao período desde 7 de outubro”, acrescentou Mandela. “Aqueles que insistem em difundir propaganda e mentiras têm

de ser deparados com os fatos”.

Mandela reiterou ainda que houve ao menos 20 massacres distintos somente em Gaza entre os anos de 2006 e 2023, precedendo 7 de outubro, além de crimes coloniais e pogroms nas terras ocupadas da Cisjordânia e Jerusalém.

“Condenamos veementemente o fato de que muitas pessoas preferem falar deste conflito como se tivesse começado apenas em 7 de outubro”, observou.

Mandela criticou governos internacionais por não representarem a “voz das massas”, ao exaltar os protestos que tomaram as principais cidades e instituições acadêmicas do mundo.

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“Fomos capazes de utilizar as redes sociais para garantir grande alcance em toda a comunidade global e mobilizar apoio ao povo palestino”, acrescentou, ao reforçar apelos na Europa, América Latina e América do Norte, África e Ásia, para que sigam os passos da África do Sul em romper laços com Israel e denunciar a ocupação nas cortes internacionais.

“Ficamos muito contentes em saber que a Espanha e outros países para reconhecer a Palestina como Estado e instamos outros países a segui-los”. O reconhecimento coordenado da Palestina por Espanha, Irlanda e Noruega — em vigor a partir de terça-feira (28) — é visto como um passo importante aos esforços para resolução do conflito no Oriente Médio.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, conforme denúncia da África do Sul deferida em janeiro. Países como Brasil apoiam o processo. Apesar de mandados cautelares de Haia por fluxo humanitário e cessação dos ataques, Israel mantém suas violações em Gaza.

Países com passado de luta anticolonial, como África do Sul, Irlanda e Argélia, identificam traços de suas mazelas históricas na questão palestina, assumindo a vanguarda da solidariedade.

Israel mantém ataques a Gaza há sete meses, deixando 35 mil mortos e 80 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, ao menos 15 mil são crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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Palestina: quatro mil anos de história
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