Renúncia de chefe de inteligência militar em Israel pode deflagrar ‘efeito dominó’

A renúncia do chefe de inteligência do exército israelense nesta semana pode levar a um “efeito dominó”, capaz de levar à renúncia do chefe do Estado-maior, Herzi Halevi, e outros comandantes de alto escalão, reportou ontem (23) o jornal em hebraico Yedioth Ahronoth.

O major-general Aharon Haliva, chefe da Diretoria de Inteligência Militar, formalizou sua demissão na segunda-feira (22), ao aceitar as responsabilidades que lhe cabem sobre as falhas das Forças Armadas no ataque transfronteiriço do Hamas de 7 de outubro.

Para o editorial do periódico israelense, “o efeito dominó pode ocorrer em breve, incluindo o chefe de Estado-maior” — isto é, o comandante máximo das Forças Armadas.

A reportagem destacou que Haliva é o primeiro membro da alta cúpula a pedir reforma por erros de inteligência em 7 de outubro — “mas provavelmente não será o último”.

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“Outros oficiais, incluindo ao menos quatro brigadeiros-generais, entre diversos comandantes de campo, informaram a pessoas próximas sua intenção de renunciar”, confirmou a reportagem.

O próximo a deixar o cargo, segundo os relatos, será o brigadeiro-geral Avi Rosenfeld, que comanda precisamente a Divisão de Gaza.

Suas tropas sofrem pressão doméstica pelo persistente fracasso em reaver os colonos e soldados capturados pelo Hamas, após 200 dias de destruição no enclave sitiado, que custou a Israel uma crise de diplomacia e relações públicas sem precedentes.

“Para os oficiais que pretendem renunciar, o problema é o momento, mas um fim operacional das ações em Gaza na próxima semana, com retirada de boa parte das tropas, além da demissão de Haliva podem acelerar a decisão”, especulou o jornal israelense.

“Contudo, espera-se ainda que o exército conduza uma operação por terra em Rafah, no sul de Gaza, ou Deir al-Balah e Nuseirat, na região central”, acrescentou a reportagem.

Rafah, na fronteira com o Egito, abriga hoje 1.5 milhão de habitantes, de uma população original de 300 mil habitantes. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste em invadir a cidade, apesar de alertas internacionais.

As ações israelenses em Gaza constituem punição coletiva e genocídio, deixando 34 mil mortos e 76 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados.

 

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