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Israel decidiu retaliar contra Irã, diz chanceler do Reino Unido

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebe o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, em Jerusalém ocupada, em 23 de novembro de 2023 [Governo de Israel (Gabinete de Imprensa)/Agência Anadolu]

Israel claramente decidiu retaliar contra o Irã pelo ataque a drones e mísseis do fim de semana, declarou o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, durante viagem ao Estado ocupante nesta quarta-feira (17), segundo informações da agência Reuters.

Trata-se do sinal mais alarmante até então de que uma escalada regional é inevitável.

Potências globais alegam trabalhar para impedir uma deflagração maior no Oriente Médio, após centenas de drones e mísseis iranianos serem interceptados nos céus do território considerado Israel na noite de sábado (13) — ocasião inédita de disparos diretos entre as partes.

A operação iraniana foi lançada em resposta a um ataque aéreo israelense sobre o consulado da República Islâmica em Damasco, capital da Síria, em 1° de abril, que matou dois generais e cinco outros membros da Guarda Revolucionária.

Apesar de não haver baixas, o regime beligerante de Israel insiste em retaliar para preservar sua capacidade de “dissuasão”. O Irã reiterou considerar concluída a questão, mas advertiu que deve responder caso Israel prossiga com sua escalada.

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“Está claro que os israelenses estão tomando a decisão de agir”, disse Cameron a jornalistas, em Jerusalém ocupada. “Esperamos que o façam da melhor maneira possível, para evitar uma piora da situação”.

Washington e outras potências ocidentais prometeram impor novas sanções econômicas ao Irã, a fim de dissuadir Israel de retaliar.

Conforme Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Washington planeja instituir novas sanções contra o programa de mísseis e drones do Irã nos próximos dias e deseja convencer aliados a seguir sua deixa.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, confirmou sanções e colaboração com aliados para tanto, a fim de minar as “atividades malignas e desestabilizadoras” do Irã.

Cameron prometeu trabalhar por sanções coordenadas junto aos países do G7, que se reúnem na Itália. “O Irã precisa de uma mensagem clara e inequívoca”, afirmou.

Após reunião de ministros de Relações Exteriores da União Europeia, o chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, reconheceu que alguns Estados-membros desejam ampliar as sanções a Teerã, a fim de conter o abastecimento russo de drones armados e incluir mísseis supostamente enviados a grupos ligados ao país no Oriente Médio.

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Nenhuma sanção foi imposta a Israel, por suas reiteradas violações da lei internacional em Gaza ou pelo ataque ilegal à missão diplomática na Síria. Israel violou ainda uma resolução de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sem qualquer sanção ou intervenção direta, como previsto nas normas internacionais.

Israel deve debater a resposta em um novo encontro de seu gabinete de guerra, que abrange a coalizão de extrema-direita de Benjamin Netanyahu e opositores eleitorais dito centristas, como o ex-chefe do exército Benny Gantz.

Tel Aviv mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do braço armado do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que parte considerável das mortes se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 33.899 mortos e 76.664 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as vítimas, estão 13.800 crianças.

Em abril, tropas israelenses recuaram do sul de Gaza de volta à região central, com destaque ao campo de refugiados de Nuseirat, ao norte de Deir al-Balah. No necrotério de um hospital local, corpos se acumulam, incluindo crianças envoltas em mortalhas brancas.

Um bombardeio israelense nesta terça-feira (16) matou 11 membros de uma única família.

Na Cisjordânia, onde colonos e soldados israelenses avançam em violentos pogroms contra cidades e aldeias, ao menos 468 pessoas foram mortas em seis meses, dentre as quais 120 crianças, além de 4.750 feridos e 7.350 cidadãos detidos arbitrariamente, sob mecanismos coloniais que carecem de julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.

Israel também ataca quase diariamente territórios da Síria e do Líbano, além de áreas no Iraque e Iêmen, onde há concentração de influentes grupos pró-Teerã. No sul do Líbano, sob o pretexto de sua troca de disparos com o movimento Hezbollah, Israel emprega armas de fósforo branco, substância proibida que causa queimaduras graves e danos ao meio-ambiente.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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