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Acadêmicos destacam “intenção genocida” no colapso do sistema de saúde em Gaza

Uma delegação da Organização Mundial da Saúde (OMS) das Nações Unidas visita e inspeciona o Hospital Shifa, que foi fortemente destruído pelos ataques israelenses na Cidade de Gaza, Gaza, em 05 de abril de 2024. [Karam Hassan/Agência Anadolu].

Um grupo de acadêmicos e profissionais de saúde proeminentes apontou como o colapso do sistema de saúde hospitalar na Faixa de Gaza “reforçou” a “intenção genocida” de Israel. Em sua carta detalhada ao editor, publicada no Journal of Public Health and Emergency em 25 de março e com estatísticas atualizadas em 2 de abril, acadêmicos de universidades como a Universidade de Gênova, a Universidade de Harvard, a Faculdade de Medicina da Universidade de Boston e o King’s College, da Universidade de Londres, também apontaram o “dever internacional de proteger o povo de Gaza”.

Apesar da pesada carga imposta à equipe médica que optou por resistir às ordens de evacuação emitidas pelas forças de ocupação de Israel, eles explicaram que sua “resiliência” salvou “muitos” pacientes. “Muitos sugerem que esses médicos deveriam receber o Prêmio Nobel da Paz”.

Pacientes com doenças crônicas, incluindo “1.200 pacientes de diálise” – dos quais 45 eram crianças – não puderam receber atendimento. “Seu destino é desconhecido”. Além disso, devido aos ataques a hospitais e à destruição de suas instalações, “acredita-se que a maioria dos aproximadamente 1.500 [o número pode ser muito maior] recém-nascidos frágeis nascidos [entre outubro e janeiro] (…) provavelmente morreram, sem registro (…)”.

Os autores do artigo observam que, embora a situação na Faixa de Gaza “possa ser chamada de tempestade perfeita, ela é mais apropriadamente chamada pelas agências e especialistas da ONU de crime perfeito”. O desastre, acrescentam, é causado pelo homem. “Uma cascata de medidas que está levando ao ferimento e à morte de uma grande parte da população civil, do norte ao sul de Gaza.”

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Esses ataques às instalações de saúde cometidos pelas forças de ocupação de Israel são, acrescentaram, “proibidos de acordo com a lei humanitária internacional e as leis da guerra”. Eles equivalem a “punição coletiva” de “toda a população civil [palestina]” na Faixa de Gaza.

Para concluir, os autores se referiram à recusa do governo israelense em aceitar uma investigação internacional, conforme solicitado pelo Ministério da Saúde local e por ONGs independentes e órgãos da ONU. “A rápida destruição, pelas forças israelenses, da suposta ‘prova’ de que o Hamas e as facções militantes estavam operando dentro ou ao lado de hospitais, deixa como única prova aquela [que é] fornecida pelos vídeos autoproduzidos das Forças de Defesa de Israel (IDF) e apaga a oportunidade de testar a validade das alegações israelenses.”

Os autores concluíram pedindo, “juntamente com 153 países na Assembleia Geral da ONU, todas as agências humanitárias e de saúde da ONU, redes de profissionais de saúde e muitos milhões nas ruas, a única solução: ‘cessar-fogo incondicional imediato agora’, ‘parar o bloqueio de Gaza’, ‘restauração imediata do sistema de saúde’, de acordo com as leis internacionais e acordos assinados”. Eles também pediram a prestação de contas e o pagamento por Israel do custo de reparar os danos pelos quais é responsável.

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