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Candidato da oposição vence eleições presidenciais no Senegal

Senegaleses comemoram a vitória eleitoral de Bassirou Diomaye Faye à presidência, na capital Dacar, em 24 de março de 2024 [Cem Özdel/Agência Anadolu]

Bassirou Diomaye Faye, candidato da oposição no Senegal, venceu as eleições presidenciais no país com 54% dos votos, segundo resultados provisórios divulgados nesta quarta-feira (27) pela Corte de Recursos da capital Dacar.

O Conselho Constitucional deve confirmar os resultados nos próximos dias.

As informações são da rede de notícias Al Jazeera.

Faye deixou a prisão há apenas dez dias, alçado à presidência mediante promessas de “ruptura” com o tradicional sistema político no país. Aos 44 anos, deve se tornar o presidente mais jovem do Senegal.

O candidato governista Amadou Ba recebeu 35% dos votos; o terceiro colocado, 2,8% dos votos. Os números nulificam a necessidade de um segundo turno.

O presidente Macky Sall, em fim de mandato, adiantou-se em parabenizar Faye, ao descrever os resultados como “vitória da democracia senegalesa”. Seu candidato, o ex-premiê Ba, concedeu derrota na segunda-feira (25).

Segundo analistas, a ascensão de Faye reflete protestos populares contra a liderança corrente e divisões em sua coalizão poderosa, porém enfraquecida.

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Sall tentou adiar as eleições originalmente marcadas para fevereiro, mas enfrentou protestos. O pleito foi então realizado após intervenção da Corte Constitucional.

Faye prometeu combater a corrupção, reaver a estabilidade e priorizar a soberania econômica, incluindo ao renegociar contratos de mineração e hidrocarbonetos. Suas medidas incluem ainda livrar-se do franco CFA, moeda da era colonial vinculada ao euro.

A mensagem de Faye é particularmente popular entre os jovens, em um país onde mais de 60% da população tem menos de 25 anos, com taxas de desemprego em torno de 20%.

Em seu primeiro pronunciamento após as eleições, Faye comprometeu-se em “governar com humildade e transparência” e “dar substância às imensas esperanças e aspirações do povo senegalês”.

“Ao me escolher, o povo escolheu romper com o passado”, acrescentou.

As eleições ocorreram após três anos de turbulência política, que levaram a protestos contra o governo. Dezenas de pessoas foram mortas e centenas foram presas desde 2021, inclusive Faye, libertado da prisão no meio de sua campanha, junto de seu mentor Ousmane Sonko.

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Faye disputou as eleições como candidato independente, após a dissolução do partido Patriotas do Senegal (Pastef), em julho último, como parte da crise política. O Pastef, voltado à esquerda, foi fundado por Sonko em 2014.

Cerca de 71% dos 7,3 milhões de eleitores registrados compareceram às urnas, para eleger seu quinto presidente.

Apoiadores de Faye tomaram as ruas em festa na capital Dacar, em meio a esperanças de que a nova gestão possa enfrentar a pobreza e corrupção endêmicas que assolam o país.

Uma transição pacífica de poder no país poderá marcar uma reviravolta para a situação atual da saúde democrática na África Ocidental, região que vivenciou ao menos oito golpes militares nos últimos quatro anos.

Alguns dos governantes que tomaram o poder na região cortaram laços com forças coloniais tradicionais, como França e Estados Unidos, voltando-se à Rússia.

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