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Exército israelense ‘nos forçou a fugir nus’, relata voluntário de al-Shifa

Refugiados se abrigam no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 17 de fevereiro de 2024 [Omar Qattaa/Agência Anadolu]
Refugiados se abrigam no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 17 de fevereiro de 2024 [Omar Qattaa/Agência Anadolu]

Moumen Bulbul, palestino de 24 anos, voluntário no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, relatou nesta terça-feira (19) as condições impostas pelas forças israelenses durante seu último ataque ao maior complexo de saúde do território sitiado.

Conforme seu relato, concedido em entrevista à agência Anadolu, soldados da ocupação israelense abriram fogo contra refugiados, médicos, enfermeiros e pacientes; então, removeram suas roupas e forçaram dezenas de indivíduos a fugir despidos ao sul do enclave.

O episódio ocorreu na madrugada de segunda-feira (18), sob disparos de tanques de guerra, unidades de infantaria, drones, aeronaves e franco-atiradores.

Diversas pessoas foram sequestradas pelas forças de Israel, incluindo mulheres e crianças. Ismail al-Ghoul, jornalista da rede Al Jazeera, permaneceu detido por 12 horas, período no qual foi severamente agredido.

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Segundo Bulbul: “Quando nos prenderam, nos forçaram a tirar as roupas e então nos interrogaram. Então nos levaram a um lugar desconhecido e forçaram dezenas de nós a fugir ao sul da cidade, ainda algemados e despidos”.

O voluntário foi atingido ainda por estilhaços de bala, quando soldados dispararam contra ele e seu irmão dentro do hospital. Em sua jornada ao sul da pequena faixa, Bulbul se deparou também com diversos checkpoints e batalhões israelenses nas ruas de Gaza.

Na terça-feira, o gabinete de comunicação do governo em Gaza confirmou que Israel matou e feriu cerca de 250 civis palestinos durante sua mais nova incursão a al-Shifa. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 30 mil pessoas estavam no local.

Em novembro, atacou o hospital sob o mesmo pretexto: de que seria utilizado como base por membros do Hamas; contudo, sem provas, sequer após a operação.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 155 instalações de saúde em Gaza foram danificadas ou destruídas desde a deflagração da ofensiva israelense.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.923 mortos e 74.096 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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