Portuguese / English

Middle East Near You

Israel pede a Haia para não ordenar medidas contra a fome em Gaza

Palestinos aguardam para receber assistência alimentar em meio aos ataques de Israel, em Rafah, no extremo sul de Gaza, 15 de março de 2024 [Jehad Alshrafi/Agência Anadolu]
Palestinos aguardam para receber assistência alimentar em meio aos ataques de Israel, em Rafah, no extremo sul de Gaza, 15 de março de 2024 [Jehad Alshrafi/Agência Anadolu]

Israel pediu ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, que não emita novas medidas emergenciais para ampliar a assistência humanitária à população civil da Faixa de Gaza, apesar da fome generalizada que assola o território sitiado.

As informações são da agência de notícias Al Jazeera.

Em nova petição encaminhada à principal corte das Nações Unidas, divulgada ao público na segunda-feira (18), Israel alegou “preocupar-se verdadeiramente [sic] com a situação humanitária e as vidas inocentes”, após desabrigar dois milhões de palestinos.

Advogados do regime colonial negaram as evidências de que o exército ocupante utiliza a fome como arma de guerra, ao atacar novamente seus homólogos da África do Sul.

Segundo o lado israelense, os apelos sul-africanos por novas medidas, registrados na corte em 6 de março, são “totalmente infundados nos fatos ou na lei, moralmente repugnantes, e representam abuso tanto da Convenção de Genocídio quanto da própria corte”.

A comunicação é parte do processo deferido em Haia sobre a acusação sul-africana de que Israel comete crime de genocídio em Gaza.

Israel mantém ataques indiscriminados ao enclave costeiro, em retaliação e punição coletiva a uma ação transfronteiriça do movimento Hamas em 7 de outubro. Desde então, são mais de 30 mil palestinos mortos e 70 mil feridos, além de milhares debaixo dos escombros — provavelmente mortos.

Em 26 de janeiro, Haia ordenou Israel a evitar atos que possam incorrer em genocídio, assim como sua incitação, além de ampliar o fluxo humanitário a Gaza. O exército ocupante, entretanto, manteve seu cerco e mesmo ataques a comboios assistenciais.

Agências humanitárias reafirmam que Israel obstrui o socorro aos 2.4 milhões de habitantes de Gaza. Ao promover o cerco — sem comida, água, luz ou medicamentos —, Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, descreveu os palestinos como “animais humanos”.

LEIA: O lucro acima das pessoas: um gesto simbólico pela paz no Oscar

Fome como projeto

Israel impõe um cerco militar a Gaza desde 2007. No entanto, intensificou seu embargo após 7 de outubro, somado a bombardeios indiscriminados à infraestrutura civil e uma invasão por terra que empurrou 1.5 milhão de pessoas à fronteira com o Egito, a fim de transferi-las compulsoriamente ao deserto do Sinai.

As medidas de Haia são injunções provisórias que buscam impedir o agravamento da crise enquanto a corte realiza procedimentos sobre o caso — processo que pode demorar anos.

A resposta israelense veio a público no mesmo dia em que um novo relatório do Programa Alimentar Mundial (PAM), confirmou que “a fome generalizada é iminente” em Gaza, sobretudo, na região norte. Segundo as informações, cerca de 70% da população sofre de “fome catastrófica”, à beira da inanição.

Ao menos 20 pessoas morreram de desnutrição e inanição em Gaza nas últimas semanas.

Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, reconheceu nesta segunda que a fome em Gaza é “utilizada como arma de guerra”, “inteiramente fabricada pelo homem”.

“Caminhões estão parados. Pessoas estão morrendo de fome enquanto as travessias por terra continuam artificialmente fechadas”, observou Borrell.

Categorias
ÁfricaÁfrica do SulIsraelNotíciaONUOrganizações InternacionaisOriente MédioPalestinaPAMTIJ
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments