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Jordânia mantém repressão a ativistas solidários a Gaza

Ativistas apelaram a agências governamentais da Jordânia e órgãos internacionais pela libertação de Moayad al-Khatib, detido por duas semanas à espera de um inquérito, aberto no primeiro dia do Ramadã, em 11 de março.

Conforme relatos, al-Khatib foi preso arbitrariamente por mobilizar apoio ao povo palestino da Faixa de Gaza, sob genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. Desde então, permanece em custódia sem acesso a sua família.

A Associação de Jovens Jordanianos por Apoio à Resistência denunciou a prisão, ao reivindicar sua libertação junto a todos aqueles detidos por apoio a Gaza.

Segundo a organização, o regime jordaniano “implementa políticas de detenção arbitrária contra jovens cidadãos que buscam, com todas as suas forças, refletir o pulso das ruas em solidariedade ao povo de Gaza”.

Autoridades jordanianas foram denunciadas previamente por prender e assediar manifestantes pró-Palestina no país ou engajados em ativismo online, incluindo por meio de uma nova e controversa lei de segurança cibernética. Desde 7 de outubro, milhares de jordanianos mantêm protestos de massa em solidariedade ao povo palestino.

No início de fevereiro, a organização Human Rights Watch (HRW) emitiu um relatório neste sentido. Segundo Lama Fakih, diretora regional do HRW: “Autoridades atacam direitos à liberdade de expressão e assembleia a fim de conter o ativismo relacionado a Gaza”.

Acusações envolvem “incitação contra o regime político” — crime de terrorismo sob o código penal do país. Muitos dos presos são mantidos sob procedimentos de “detenção administrativa”, sem julgamento ou acusação, coagidos a assinar termos de não-manifestação, sob ameaça de multa de US$70 mil.

Segundo a Anistia Internacional, em apenas um mês, entre outubro e novembro, policiais jordanianos detiveram ao menos mil manifestantes durante atos pró-Palestina. Ao menos cinco outros foram detidos entre novembro e dezembro, indiciados por postagens online.

Diana Semaan, pesquisadora jordaniana da organização de direitos humanos, reafirmou: “Ninguém deveria ser preso meramente por expressar suas opiniões sobre a guerra em Gaza ou criticar as políticas de governo”.

“Autoridades jordanianas lançaram mão de medidas repressivas, para erradicar todos os vestígios de liberdade e dissidência”, reiterou Semaan. “Lamentavelmente, levantam acusações vagas contra indivíduos que estão exercendo seus direitos fundamentais”.

A monarquia hachemita normalizou laços com Israel em 1994, por meio de um acordo mediado por Washington. A Jordânia é lar de aproximadamente três milhões de palestinos. Desde a deflagração na região, a população — majoritariamente solidária à causa palestina — reivindica do governo um posicionamento mais firme contra a agressão a Gaza.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.645 mortos e 73.676 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

A brutal ofensiva contra o território palestino deflagrou uma onda de protestos populares nos Estados árabes, onde regimes autocráticos buscam conter as manifestações.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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