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Pico de islamofobia, ataques a mesquitas: Ramadã em Londres é tomado por medo

Polícia isola área de um atropelamento contra pedestres perto da Mesquita de Finsbury Park, em Londres, Reino Unido, 18 de junho de 2017 [Tayfun Salcıi/Agência Anadolu]
Polícia isola área de um atropelamento contra pedestres perto da Mesquita de Finsbury Park, em Londres, Reino Unido, 18 de junho de 2017 [Tayfun Salcıi/Agência Anadolu]

Para a comunidade islâmica de Londres, o mês sagrado do Ramadã começou neste ano com um sentimento de apreensão, em meio a um pico de islamofobia amplificado pelo genocídio israelense em Gaza e sua cobertura enviesada de imprensa, segundo reportagem da agência de notícias Anadolu.

Invasões a mesquitas incitaram medo e clamores por medidas de segurança. Desde meados de fevereiro, três mesquitas foram invadidas: Palmers Green, Southgate e Ayesha.

Segundo a organização Tell MAMA, que monitora crimes de ódio contra os muçulmanos, incidentes islamofóbicos mais do que triplicaram no Reino Unido desde 7 de outubro, quando Israel lançou sua ofensiva a Gaza, em retaliação a uma operação do grupo Hamas.

De acordo com Bibi Rabbiyah Khan, presidente da Sociedade Cultural Islâmica de Londres (LICS), o maior comparecimento às mesquitas durante o Ramadã, sobretudo para as preces do tarawih, realizadas à noite, demanda que a comunidade seja “bastante cuidadosa”.

“A islamofobia está em alta e pessoas de nossa comunidade foram submetidas a ataques porque são muçulmanas, mas nem todas se sentem confortáveis para denunciá-los”, comentou Khan à agência Anadolu.

Para Khan, os ataques a mesquitas não são assaltos: “Não faz sentido que pessoas façam isso sem nem mesmo tentar chegar ao dinheiro que há nessas instalações”. Os incidentes, conforme seu relato, costumam incorrer em danos a câmeras de segurança e computadores.

Khan é também presidente do Conselho de Mesquitas da Zona Norte de Londres, que supervisiona 13 mesquitas — incluindo as três invadidas por vândalos.

“Quem sabe, os criminosos saibam que leva tempo para reinstalar os sistemas de segurança. Portanto, se há chance de isso voltar a acontecer, durante o Ramadã, enquanto nossos sistemas estiverem offline? Não podemos dizer”.

‘Tememos por nossas crianças’

Khan também mencionou incidentes na Mesquita de Wembley, no início de março, e em outras mesquitas de Leicester, ao reiterar a urgência de maiores medidas de segurança.

“Estamos preocupadíssimos com o aumento na islamofobia. Tememos por nossas crianças e por aqueles que vão às mesquitas. Durante o Ramadã, tudo termina mais tarde. Temos de ter segurança”, comentou Khan.

“Não sabemos o que vai acontecer porque as pessoas estão agitadas pelo que está acontecendo”, prosseguiu Khan, em referência à catástrofe humanitária em Gaza. “Há pessoas apreensivas e há pessoas indignadas. Afinal, como podemos tolerar tantas crianças sendo mortas e não pensar nisso, e não fazer nada?”

Khan disse buscar coordenação da polícia para que todas as mesquitas tenham sistemas de vigilância e segurança “programados e operantes” durante o mês sagrado.

‘Pico de crimes de ódio em Londres’

Em resposta à agência Anadolu sobre medidas de segurança para o Ramadã, a Polícia Metropolitana de Londres alegou trabalhar de perto com representantes das comunidades islâmica e judaica da capital desde 7 de outubro.

Analistas, no entanto, alertam que instituições de poder no Reino Unido — assim como no restante da Europa — parecem enviesadas a encobrir crimes de islamofobia.

Segundo a polícia, oficiais foram instruídos a patrulhar e investigar delitos perto dos locais de culto e centros comunitários. “Lamentavelmente, apesar de um aumento no contingente policial, vemos aumento considerável nos crimes de ódio”, afirmou o comunicado.

De acordo com as informações, violações incluem ataques contra indivíduos ou grupos, pessoalmente ou online, motivados por discriminação racial ou religiosa.

“Continuamos a encorajar todos que vivenciem crimes de ódio a reportá-los às autoridades. Não é aceitável e investigaremos”, prometeu a polícia.

 LEIA: O preconceito antipalestino na mídia ocidental está fora de escala desde a guerra em Gaza

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