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General sudanês descarta trégua no Ramadã, responsabiliza oponentes

Não haverá trégua no Sudão durante o mês islâmico do Ramadã, exceto caso o grupo paramilitar conhecido como Forças de Suporte Rápido (FSR) deixe localidades civis no país, afirmou neste domingo (10) o general Yasser al-Atta, do exército regular, segundo informações da agência de notícias Reuters.

Al-Atta rejeitou assim apelos do Conselho de Segurança das Nações Unidos por uma trégua durante o Ramadã, com início nesta segunda-feira (11).

O grupo paramilitar disse aceitar o pedido.

A declaração de al-Atta, divulgada na conta oficial do exército no Telegram, exaltou supostos avanços de suas tropas em Omdurman, na zona metropolitana da capital Cartum.

Conforme al-Atta, o cessar-fogo depende do cumprimento, por parte de seus oponentes, de um compromisso feito em maio passado durante negociações em Jeddah, mediadas por Arábia Saudita e Estados Unidos, segundo o qual tropas paramilitares deixariam instalações públicas ou áreas civis.

LEIA: Sudão vive violações generalizadas, incluindo ataques a rotas de fuga, alerta ONU

Al-Atta insistiu ainda que não há futuro para Mohamed Hamdan Dagalo, líder das Forças de Suporte Rápido, conhecido como Hemedti, na política sudanesa.

O país norte-africano é tomado por guerra civil desde abril de 2023, após o exército regular tentar integrar seus aliados paramilitares a seu contingente, após um golpe militar compartilhado entre as partes em outubro de 2021.

O golpe descarrilou os esforços de transição à democracia no Sudão, após a derrubada popular do longevo ditador Omar al-Bashir, em 2019.

O exército sudanês mantém certa desvantagem desde o início do conflito. As forças paramilitares tomaram porções da capital logo nos primeiros dias.

Segundo as Nações Unidas, quase 25 milhões de pessoas — metade da população sudanesa — depende de assistência humanitária para sobreviver. Oito milhões deixaram suas casas.

Os Estados Unidos alertam para crimes de guerra cometidos por ambas as partes.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, ecoou apelos por uma trégua durante o Ramadã.

LEIA: A guerra no Sudão silencia os jornalistas

Durante reunião do Conselho de Segurança realizada na quinta-feira (7), Hassan Hamid Hassan, embaixador sudanês nas Nações Unidas disse que Abdel Fattah al-Burhan, comandante do exército e governante de facto do Sudão, agradeceu o pedido de Guterres por um cessar-fogo; contudo, sem certeza de que poderia ser implementado.

O Ministério de Relações Exteriores do Sudão, alinhado ao exército, alegou que, para que os pedidos por cessar-fogo tenham êxito, é crucial a retirada das forças paramilitares de áreas como El Gezira e Sennar, assim como na cidade de Darfur — bastião de Dagalo.

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