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Mulheres em Gaza dão à luz a bebês natimortos, alerta ActionAid

Homem segura a mão de um bebê hospitalizado por desnutrição, no Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, Gaza, 2 de março de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]

Mulheres de Gaza estão dando à luz a bebês natimortos, em condições precárias de fome generalizada e colapso das operações humanitárias, advertiu nesta quarta-feira (6) a organização internacional ActionAid, em nota publicada em seu website.

Segundo a ActionAid, a desnutrição aguda levou ao aumento na morte de bebês.

“Hospitais [de Gaza] registraram diversos casos de crianças que nasceram mortas por desnutrição”, reportou Mohammed Salih, diretor do Hospital Al-Awda, instituição parceira da ActionAid no norte de Gaza.

“Somos um hospital especializado em cuidados às mulheres e maternidade”, explicou Salih. “Temos de realizar várias cirurgias de emergência, incluindo cesarianas para remover fetos que morreram devido à desnutrição que se espalha entre as mulheres”.

“Mais de 95% das mulheres que vêm ao hospital e passam por exames sofrem de anemia”, acrescentou.

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Somando-se aos alertas da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras entidades internacionais, destacou a ActionAid: “Um sistema humanitário já extremamente prejudicado enfrentará colapso total em meio à ofensiva a Rafah que parece se avizinhar”.

Rafah, no extremo sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito, abriga cerca de 1.5 milhão de habitantes — de uma população original de 300 mil pessoas —, deslocados à força pela varredura norte-sul do exército israelense no território sitiado.

Há semanas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e outras lideranças coloniais ameaçam avançar contra Rafah, no que parece ser a última etapa de seus esforços para transferir à força a população de Gaza ao deserto do Sinai.

A ActionAid citou ainda Amjad al-Shawa, voluntário da Rede de Ongs Palestinas em Gaza: “Lançamentos aéreos [de pacotes assistenciais] são de longe insuficientes nas condições atuais; há uma urgência de que se estabeleça o transporte por terra. Precisamos de quatro mil caminhões por dia para cobrir as necessidades básicas dessas pessoas”.

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Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30 mil mortos, 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

Ao promover suas ações, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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