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Israel vê debandada de oficiais militares de alto escalão

Soldados da ocupação israelense na travessia de Erez, na fronteira com Gaza, em 29 de fevereiro de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]
Soldados da ocupação israelense na travessia de Erez, na fronteira com Gaza, em 29 de fevereiro de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do exército de Israel, confirmou renunciar do cargo apesar da continuidade da campanha militar em Gaza, reportou a imprensa local. Uma onda de oficiais de alto escalão acompanhou sua medida.

Sua unidade é responsável por prover e disseminar comunicação sobre as ações do exército da ocupação israelense — em particular, em meio a uma campanha desenfreada de propaganda de guerra, incluindo esforços de desinformação para justificar o genocídio em Gaza.

Entre aqueles que se demitiram está a vice-comandante da unidade, Moran Matz, que justificou sua decisão por “coisas que não vão bem tanto em nível profissional quanto pessoal”.

O general Richard Hecht, porta-voz para a imprensa estrangeira, nascido na Escócia, também se demitiu, após uma controversa troca de incumbências internas. Entre a debandada, estão ainda os tenentes-coronéis Merav Granot e Tzupia Moshkovich.

Antes de ser nomeado porta-voz do exército, Hagari liderou a Unidade Shayetet 13 da Marinha, além de exercer o cargo de chefe de gabinete do deputado Benny Gantz — opositor do premiê Benjamin Netanyahu integrado há cinco meses ao gabinete de guerra.

As filiações de Hagari incitam questões sobre a crise interna em Israel, sobretudo diante de uma viagem de Gantz aos Estados Unidos, aparentemente sem o aval de Netanyahu.

Segundo o jornalista israelense Tamir Morag, a debandada se complexifica pelo caráter de Israel como regime militar, no qual oficiais costumam reformar seu status sem justificativas claras. No entanto, o número de oficiais que anunciaram demissão ou aposentadoria durante a guerra em Gaza parece exceder o esperado.

O governo israelense sofre pressão internacional por um cessar-fogo no enclave palestino, além de manifestações domésticas que denunciam sua ineficácia em reaver os reféns.

Analistas observam que Netanyahu insiste na ofensiva a Gaza por receios de deixar o governo, à medida que enfrenta acusações na justiça por corrupção.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. São 30.534 palestinos mortos e 71.920 feridos até então — na ampla maioria, mulheres e crianças.

Cerca de 85% da população de Gaza — ou dois milhões de pessoas — foi desabrigada.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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