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Fome pode matar milhares no norte de Gaza, alerta Ministério da Saúde

Yazan al-Kafarneh, menino palestino de Gaza, de 10 anos sofre de desnutrição grave devido ao cerco israelense, no hospital al-Najjar de Rafah, no sul de Gaza, em 28 de fevereiro de 2024 [Jehad Alshrafi/Agênica Anadolu]
Menino palestino de 10 anos sofre de desnutrição grave devido ao cerco israelense, no hospital al-Najjar de Rafah, no sul de Gaza, em 28 de fevereiro de 2024 [Jehad Alshrafi/Agênica Anadolu]

Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, informou nesta sexta-feira (1°) que “milhares de crianças, mulheres grávidas, cidadãos doentes e idosos no norte da Faixa de Gaza vivem risco de morte por grave desidratação e desnutrição”.

Al-Qudra reafirmou que a ocupação israelense comete crimes de genocídio, ao impor condições de inanição severa a 700 mil palestinos no norte de Gaza.

Em sua breve declaração à imprensa, al-Qudra instou a Organização das Nações Unidas (ONU) a “agir imediatamente e por todos os meios necessários para impedir uma catástrofe humanitária ainda maior no norte de Gaza”.

Segundo o Ministério da Saúde, treze crianças morreram devido à fome.

O movimento Hamas comentou a crise: “Trata-se de um testamento do fracasso da comunidade internacional e das Nações Unidas em realizar seu dever de proteger as crianças da fome … uma desgraça à humanidade e um perigoso precedente em nossa época”.

O Hamas pediu também “ações urgentes para salvar os civis e as crianças de Gaza, em particular nas províncias do norte”.

“É preciso trabalhar nas variadas maneiras para entregar comida e medicamentos o mais breve possível, para evitar a crescente catástrofe da fome”, acrescentou.

Na quinta-feira (29), mais de cem palestinos foram mortos por disparos israelenses durante uma entrega assistencial. As imagens foram gravadas pelo próprio exército ocupante.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo estimativas israelenses, cerca de 1.200 pessoas foram mortas na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal israelense Haaretz revelaram que parte dos óbitos se deu por “fogo amigo”, com ordens gravadas de chefes militares para disparar contra os reféns.

Os bombardeios indiscriminados de Israel, com apoio de Washington, foram acompanhados por uma varredura por terra em direção norte-sul, além de um cerco militar absoluto — sem água, comida, eletricidade ou medicamentos.

Ao promover suas ações, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.

Ao menos 30.228 palestinos foram mortos e outros 71.373 ficaram feridos desde então — em grande maioria, mulheres e crianças. Estima-se que 85% da população — quase dois milhões de pessoas — estejam desabrigadas, sob a destruição de 70% da infraestrutura civil.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

 LEIA: Padarias sob bombardeios de Israel são fundamentais para a crise de fome em Gaza

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