Ataques pioram ao redor do maior hospital ainda operante em Gaza, alerta OMS

Combates se intensificaram ao redor do maior hospital de Gaza ainda operante, sob ameaça de colapso, caso não receba suprimentos, advertiu nesta terça-feira (30) a Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo informações da agência Reuters.

A maioria dos hospitais de Gaza já deixou de funcionar devido aos bombardeios e cercos postos pelas forças de Israel, após três meses de campanha militar.

O Hospital Nasser, Khan Yunis, no centro-sul de Gaza, opera em níveis mínimos, sobretudo após ser sitiado por tanques de guerra israelenses.

“A situação em torno do hospital apenas piorou, incluindo disparos, confrontos e dificuldade de entrada e saída”, comentou Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, durante coletiva conduzida em Genebra.

O hospital abriga milhares de refugiados, além de médicos e pacientes.

Conforme a OMS, uma remessa de alimentos com destino ao hospital foi saqueada na terça por uma multidão desesperada, após um checkpoint israelense postergar o acesso. As autoridades ocupantes obstruíram ainda outra remessa, dessa vez de combustíveis.

Segundo Lindmeier, apenas uma remessa de insumos médicos chegou ao local.

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“Negativas e atrasos são parte de um padrão que busca impedir que suprimentos humanitários cheguem aos hospitais, para torná-los potencialmente inoperantes”, explicou o porta-voz.

Até algumas semanas atrás, o principal hospital de Gaza era al-Shifa, no norte do território; no entanto, invadido e evacuado por soldados israelenses. Alguns pacientes foram transferidos ao hospital em Khan Yunis, à medida que este supera sua capacidade em ao menos três vezes.

Segundo Lindmeier, o Hospital Nasser tornou-se um “símbolo crucial” aos serviços essenciais de Gaza, mas carece de estrutura, incluindo ao realizar operações no chão de seus andares.

A OMS observou previamente que metade dos profissionais de saúde tiveram de fugir do local e que apenas dois dos 24 médicos antes a serviço continuaram ali.

Lindmeier reiterou apelos da OMS para que países doadores mantenham o envio de recursos à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), após vários governos capitularem a alegações israelenses de que 12 indivíduos, dos 30 mil profissionais da agência, estiveram envolvidos nos ataques do Hamas de 7 de outubro.

O governo israelense não apresentou detalhes tampouco provas.

A acusação é represália à decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de que há plausibilidade nas denúncias sul-africanas de que Tel Aviv comete genocídio em Gaza. A corte emitiu uma ordem para que Israel permita acesso humanitário ao território sitiado.

Entretanto, reiterou Lindmeier: “É uma distração. Por mais que a discussão seja importante, não podemos nos esquecer das questões em campo”.

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Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26.750 mortos e 65.636 feridos — em maioria, mulheres e crianças. Estima-se dez mil desaparecidos sob os escombros.

Nas últimas 24 horas, foram 114 palestinos e 249 feridos, reportou o Ministério da Saúde.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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