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Refugiados sudaneses relatam problemas na ajuda humanitária em meio a guerra civil

Crianças deslocadas em um abrigo em Gedaref, no leste do Sudão, em 28 de dezembro de 2023 [AFP via Getty Images]

O exército oficial sudanês mantém violentos confrontos com o grupo paramilitar conhecido como Forças de Suporte Rápido (RSF) há nove meses, resultando em milhares de famílias deslocadas à força que buscaram abrigo no leste do país e dependem de assistência humanitária urgente.

A guerra civil causou devastação no centro do Sudão l, além de nove estados nas regiões oeste e sudoeste do país, de acordo com relatórios compilados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de 12 mil pessoas morreram e mais de 33 mil pessoas ficaram feridas.

Metade da população, cerca de 25 milhões de pessoas, precisa de assistência humanitária urgente. Mais de sete milhões de sudaneses sofreram deslocamento interno país ou buscaram refúgio nos países vizinhos.

A agência Anadolu conversou com famílias afetadas pela guerra, abrigadas em colégios nos distritos de Sevra, Iskan e Selaleb, em Porto Sudão, capital do estado oriental do Mar Vermelho.

“Ouça nossa voz”

Havva Musa, da cidade de Cuneyne, em Darfur Ocidental, relatou à Anadolu: “Estamos desabrigados, carentes e desesperados. Realmente precisamos de comida, água e todos os tipos de materiais de assistência humanitária.”

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Musa reclamou da inadequação da ajuda humanitária, ao denunciar falhas e irregularidades na distribuição.

“Esperamos que o mundo e as organizações humanitárias internacionais ouçam nossa voz”, destacou Musa.

“Abrigo é o maior problema”

Ahmed Omer Ali Yusuf, da cidade de Mesit, no estado de Gezira, reportou a necessidade de migrar continuamente, de uma cidade a outra, desde o início da guerra.

“A situação é terrível. Somos privados das necessidades mais básicas. Passamos noites e noites nas estradas. Depois de uma viagem difícil de 15 dias, finalmente chegamos a Porto Sudão”, relatou Yusuf. “Mas ainda estamos esperando o apoio das organizações, sobretudo para atender às necessidades das crianças e idosos”.

Yusuf deixou sua cidade após o avanço e a captura das forças paramilitares.

Segundo seu relato, o maior problema é a questão do abrigo, de modo que os refugiados precisam urgentemente de tendas. Em outras palavras, estão sem teto.

“Estamos exaustos, queremos paz”

“Queremos um teto. Estou doente, as crianças estão doentes e precisamos de remédios. Precisamos de água e comida. Não temos mais nada. Estamos exaustos e fartos dessa guerra. Queremos paz!”, enfatizou Zehra Ibrahim, que fugiu dos conflitos na capital Cartum e buscou refúgio em Porto Sudão através da cidade de Medeni.

Nefise Ibrahim mencionou a necessidade de tratamento médico, ao reiterar falta generalizada de insumos, em busca de apoio de entidades beneficentes.

Conflitos internos

O Sudão é tomado por confrontos desde abril, entre as Forças Armadas, lideradas pelo general Abdel Fattah el-Burhan, e as Forças de Suporte Rápido, comandadas por Mohammad Handam Dagalo (Hemedti).

Mais de 5,2 milhões de pessoas foram expulsas de suas casas, segundo estimativas da ONU.

LEIA: Não podemos perder nossa própria humanidade ao tratar da situação dos refugiados

Diversos acordos de cessar-fogo mediados por Arábia Saudita e Estados Unidos fracassaram em interromper os combates.

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