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Conselho de Segurança adia voto sobre cessar-fogo em Gaza

Linda Thomas-Greenfield, representante dos Estados Unidos na ONU, em 2 de junho de 2022 [Rasit Aydogan/Agência Anadolu]
Linda Thomas-Greenfield, representante dos Estados Unidos na ONU, em 2 de junho de 2022 [Rasit Aydogan/Agência Anadolu]

Negociadores nas Nações Unidas decidiram postergar em um dia a última votação por uma resolução para o cessar-fogo na Faixa de Gaza, na esperança de encontrar um texto em que possam concordar, segundo informações da agência Reuters.

Pressionada por jornalistas sobre a possibilidade de um consenso, Linda Thomas-Greenfield, representante dos Estados Unidos na ONU, declarou: “Estamos tentando, estamos mesmo”.

Suas promessas contradizem as duas ocasiões nas quais sua delegação usou seu poder de veto para proteger Israel das demandas internacionais por um cessar-fogo.

Washington é membro permanente do Conselho de Segurança, devido a seu arsenal de bombas atômicas – portanto, com poder de veto. Lideranças internacionais, porém, em particular no Sul Global, afirmam que a estrutura é anacrônica e exige reforma.

Israel se recusou a renovar a trégua com o Hamas no início do mês, após sete dias de troca de prisioneiros. Ao contrário, escalou sua campanha genocida a uma nova fase, que tomou de assalto o sul de Gaza – para onde ordenou que dois milhões de palestinos fugissem.

Israel e Estados Unidos enfrentam ambos crise interna. Quase 60% do público americano rejeita a posição do presidente Joe Biden, às vésperas de um conturbado ano eleitoral no qual o democrata deve voltar a enfrentar o republicano Donald Trump.

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Em Tel Aviv, a pressão parte de familiares dos prisioneiros de guerra em Gaza, sobretudo após a execução de três reféns por soldados israelenses. Os três jovens carregavam uma bandeira branca, mas foram confundidos com cidadãos palestinos.

Israel crê que 129 prisioneiros de guerra permanecem em Gaza, mas prenuncia a morte de 21 deles. Os índices contrastam com uma campanha israelense na Cisjordânia ocupada que dobrou a população carcerária entre os palestinos.

Estima-se até dez mil prisioneiros políticos nas cadeias da ocupação — muitos doentes, mulheres e crianças, sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.

Segundo o Hamas, dentre os prisioneiros israelenses, ao menos 70 morreram devido aos bombardeios indiscriminados de Israel.

No norte de Gaza, onde o exército israelense alegou conquistar boa parte de seus objetivos, os combates se intensificaram, em meio a ações de guerrilha da resistência que tomaram os escombros como espaço tático.

Enquanto as Nações Unidas debatem o vocabulário adequado para pedir um cessar-fogo – contudo, sem poder vinculativo – Israel bombardeia toda a extensão de Gaza, norte e sul, deixando torres de fogo e fumaça que são vistas através da fronteira.

Em Jabaliya, no norte de Gaza, soldados israelenses sitiaram uma garagem de ambulâncias, com 127 pessoas dentro, incluindo paramédicos, refugiados e feridos, reportou o Crescente Vermelho, que opera na região.

No sul, a cidade de Khan Younis se tornou o maior alvo, inclusive com uma invasão por terra. “As bombas não param a noite toda”, lamentou Samir Ali (45), pai de cinco filhos, expulso de sua casa na Cidade de Gaza sob disparos israelenses.

“As pessoas enfrentam duas guerras ao mesmo tempo: bombas e fome”, acrescentou.

Organizações internacionais reportam que quase 90% da população de Gaza foi deslocada à força desde 7 de outubro. Há ameaça de fome e epidemias.

Tel Aviv mantém ainda um cerco absoluto contra Gaza — sem comida, água, energia elétrica e combustível. Ao promover suas ações, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, rotulou os 2.4 milhões de habitantes de Gaza como “animais humanos”.

A retórica desumanizante confirma o dolo genocida. São 20 mil mortos e 50 mil feridos dentre os civis palestinos até então, sem um horizonte de cessar-fogo, muito menos de justiça à população afetada, salvo insinuações vagas de agentes coloniais.

As ações israelenses são crime de guerra e lesa-humanidade.

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