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Israel encerra trégua de sete dias e retoma bombardeios a Gaza

Crianças palestinas seguram panelas depois de receberem comida preparada por um palestino chamado Hayri Abdulkarim, pois as pessoas têm dificuldade de acesso aos alimentos devido aos contínuos ataques israelenses no campo de refugiados de Nuseirat em Deir al-Balah, Gaza, em 8 de novembro de 2023. [Doaa Albaz/Agência Anadolu]
Crianças palestinas seguram panelas depois de receberem comida preparada por um palestino chamado Hayri Abdulkarim, pois as pessoas têm dificuldade de acesso aos alimentos devido aos contínuos ataques israelenses no campo de refugiados de Nuseirat em Deir al-Balah, Gaza, em 8 de novembro de 2023. [Doaa Albaz/Agência Anadolu]

A pausa humanitária de sete dias na Faixa de Gaza encerrou-se na manhã desta sexta-feira(1°) com a retomada de ataques aéreos por Israel.Dezenas de palestinos foram mortos, segundo oficiais de saúde. Vídeos registraram os primeiros funerais após a trégua.

As forças israelenses despejaram panfletos em partes já bombardeadas do sul de Gaza, para que os refugiados evacuem novamente a área — entretanto, sem ter para onde ir. Os alertas indicam intenções de expandir a ofensiva.

Eylon Levy, porta-voz do governo israelense, disse a repórteres que o Hamas ainda mantém137 prisioneiros.Em contrapartida, são cerca de dez mil palestinos nas cadeias da ocupação, número que dobrou durante a ofensiva a Gaza. A maioria, capturados na Cisjordânia, permanece em custódia sem julgamento ou acusação — reféns, por definição.Osama Hamdan, oficial sênior do movimento Hamas, confirmou à rede Al Jazeera que Israel negou todos os esforços para estender a trégua.

“A cada dia que passou deste cessar-fogo temporário, Israel agiu para sabotar todo oprocesso”, reportou Hamdan. “Ontem à noite, conversamos sobre estender a trégua,debatemos algumas opções sugeridas pelos mediadores. Aceitamos três alternativas;contudo, todas elas foram rejeitadas por Israel”.“Estávamos otimistas sobre os esforços, mas os israelenses insistiram em rechaçá-los”,acrescentou.

O governo francês lamentou o fim da trégua. “É uma notícia péssima, lamentável, porque não traz solução alguma e complica ainda mais questões que surgiram”, alertou Catherine Colonna, ministra de Relações Exteriores durante visita a Dubai.

James Elder, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), reiterou que as crianças de Gaza voltaram a um estado de trauma e pânico com a retomada dos ataques em todo o território costeiro.

“Era possível ver uma breve mudança, algum sinal de infância retornando a elas”, reportou Elder, ao visitar o sul de Gaza. “Isso foi embora. Vemos o trauma, o medo em seus olhinhos enquanto seus pais não podem protegê-las — é assustador”.

“Vemos as pessoas tremendo, em particular as crianças”, reafirmou Elder. “Vemos esses

reflexos que se tornaram agora um comportamento adquirido pelo medo cravando suasunhas novamente”.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, observou: “O retorno das hostilidades mostra somente quão importante é ter um verdadeiro cessar-fogo humanitário.Ainda tenho esperanças de renovar a pausa”.Nasser Kanaani, porta-voz da chancelaria iraniana, destacou que Israel deu início a “uma nova rodada de assassinatos … com apoio continuado” da Casa Branca.“A responsabilidade legal e política para a continuidade da agressão e do massacre repousa sobre Israel e Estados Unidos e alguns dos poucos governos que ainda apoiam o regime de apartheid”, advertiu Kanaani.

Yusuf Alabarda, coronel reformado do exército turco, argumentou que a segunda fase decombates terá características distintas.

“O custo da guerra ao lado israelense é enorme. Por essa razão, embora o premiê BenjaminNetanyahu alegue compromisso em erradicar o Hamas do norte de Gaza para alcançar seus objetivos, a realidade é outra”, comentou Alabarda à Al Jazeera. “Netanyahu busca alcançar seus objetivos políticos, não os objetivos de Israel”.

Segundo Alabarda, “não é possível” erradicar os grupos da resistência palestina, pois o conflito não decorre do Hamas, em particular, mas de décadas de ocupação.

Israel mantém bombardeios a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação surpresado Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados. Cerca de 15 mil palestinos foram mortos nos 45 dias que antecederam a trégua, incluindo seis mil crianças e quatro mil mulheres.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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