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Ato de solidariedade à Palestina em sua embaixada na Argentina

Ato na Argentina manifesta solidariedade com a Palestina.
Ato na Argentina manifesta solidariedade com a Palestina.[Bruno Falci]

Realizou-se nesta quarta-feira, (29/11), às 18 horas, na Embaixada da Palestina, em Buenos Aires, uma cerimônia em homenagem e solidariedade ao povo palestino, vítima de crimes de guerra e genocídio praticados pela máquina de destruição do exército de Israel na Faixa de Gaza. Uma escalada que teve início há mais de um mês e que se encontra paralisada, momentaneamente, devido a uma trégua humanitária gestada pela ONU. Segundo informe da Embaixada, tratou-se de “uma vigília e uma cerimônia interreligiosa pelas almas de nossos mártires, seu descanso eterno e pela paz e a justiça em nossa amada Palestina”.

A data foi escolhida devido à sua importância. Naquele dia, em 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 181, mais tarde conhecida como a “Resolução da Partição”, que estipulava a criação de um “Estado Judeu” e de um “Estado Árabe” na Palestina. Dos dois Estados previstos na referida resolução, apenas um foi criado até agora: Israel. Este dia oferece uma oportunidade para a comunidade internacional concentrar a sua atenção no fato de a questão da Palestina ainda não ter sido resolvida.

Estavam presentes no evento embaixadores e autoridades diplomáticas de diversos países, autoridades religiosas das Igrejas Católica, Ortodoxa e Islâmica. Foi lida uma carta enviada pelo Secretário Geral da ONU, António Guterres, em que ele expressa “que se trata de um dos capítulos mais sombrios da história do povo, palestino”.

Guterres salientou seu horror diante as mortes e a destruição que atingiu a região. “A palavra hoje é dor, angústia e pesar. Os palestinos estão sofrendo uma catástrofe humanitária. Dois milhões de pessoas são obrigadas a abandonar suas casas e sair para algum lugar protegido. Milhões de pessoas choram pela perda de seus entes queridos, entre eles, figuram funcionários das Nações Unidas, mortos em Gaza, e que representam a maior perda de pessoal da história dessa organização”.

Em seu texto, o Secretário Geral da ONU acrescentou que que é importante a comunidade internacional respaldar com solidariedade ao povo palestino e o seu direito de viver em paz e dignidade. “Temos que estar unidos para exigir o fim da ocupação e o bloqueio de Gaza. As Nações Unidas não vacilarão com o compromisso ao povo palestino. É necessário que Israel e Palestina vivam em paz e segurança, tendo Jerusalém como capital dos dois estados”. Houve leituras de poesias de autoria de mulheres palestinas e discursos dos representantes religiosos. Cada participante do evento recebeu uma foto e uma vela com o nome de uma vítima, sobressaindo-se as crianças, que foram as mais brutalizadas nos bombardeios na Faixa de Gaza. Essas fotos foram, em seguida, colocadas sobre o mapa da Palestina.

Neste 29 de novembro (2023) foi inaugurada na sede da ONU, em Nova York, a exposição “Palestina, uma terra com seu povo”, que permanecerá até 8 de janeiro (2024). A exposição comemora a Nakba, ou catástrofe palestina: um evento profundamente dramático que ocorreu durante a guerra árabe-israelense de 1948, na qual mais da metade da população palestina foi expulsa ou fugiu de suas terras e tornou-se refugiada.

A exposição traz fotografias, vídeos e outras obras de arte que mostram as diferentes fases da trajetória do povo palestino – antes, durante e depois da Nakba. Serve como um lembrete de que atualmente mais de 6 milhões de palestinos continuam a ser refugiados em diferentes países. Entre eles, centenas de milhares de pessoas que sofreram deslocamentos forçados adicionais e milhares morreram durante a recente guerra de Isral contra Gaza.

Crimes de guerra e barbárie

Argentina pró-Palestina

Ato na Argentina manifesta solidariedade com a Palestina.[Bruno Falci]

Os relatos da ONU e de outros organismos internacionais indicam que ataques do Estado de Israel matam 140 crianças por dia, um a cada dez minutos, na Faixa de Gaza. Esta é uma das razões pelas quais centenas de milhares de pessoas saem às ruas em todo o mundo, comovidas pelas imagens brutais de barbárie exibidas pelos bombardeamentos e pelos ataques terrestres israelitas.O Ministério da Saúde de Gaza informou que, além disso, mais de 1.250 crianças estão desaparecidas hoje, somando-se às 4.000 mortas pelos ataques de Israel desde 7 de outubro.

O Ministério da Saúde de Gaza partilhou que 73% dos mortos pelo exército israelita são mulheres, idosos e crianças.Escolas e hospitais no norte da Faixa de Gaza que servem de abrigo a civis deslocados foram alvo de bombardeios. O sistema de saúde está totalmente precarizado e metade dos seus 36 hospitais não funcionam.

Corredores hospitalares lotados de feridos, doentes e moribundos, necrotérios lotados, consultórios sem anestesia, além de dezenas de milhares de pessoas abrigadas em hospitaisMilei endossa o genocídioUma semana após vencer o segundo turno das eleições em 19 de novembro, o presidente eleito da Argentina Javier Milei chegou a Nova York na segunda-feira (27) para sua primeira viagem ao exterior como presidente eleito. Em sua breve estadia, foi visto agitando a bandeira de Israel, repetindo um gesto que se tornou rotineiro em sua predatória campanha eleitoral, quando afirmava que a Argentina não entraria no BRICS e defendia o seu afastamento do Brasil e da China, por serem países “comunistas”Ele visitou o túmulo de Menachem Mendel Schneerson. um rabino judeu ortodoxo, em Queens, Morto em 1994, Schneerson foi o último líder de uma comunidade denominada Chabad Lubavitch.

Vestindo uma kipá e um terno completamente preto, ele estava acompanhado de outros judeus hassídicos que seguem o líder religioso, considerado um dos mais proeminentes líderes do judaísmo messiânico, corrente ultraconservadora da religião. Milei não confirmou que se converteu ao judaísmo, mas alguns sites mencionam que o ultradireitista já fez sua conversão, como prometido em campanha. Esta crença está ligada à do messianismo, pois também se acredita que se o mundo atingir o grau necessário de santidade, a chegada do messias será acelerada e os males que afligem a terra acabarão.

Em artigo publicado no jornal Página 12 (29/11), o sociólogo argentino Damián Setton, especialista em judaísmo, afirma que esta comunidade é um dos ramos do jasidismo, um movimento que surgiu na Europa do Leste nos séculos XVIII y XIX. “Na atualidade, Jabad é um movimento transnacional de revitalização religiosa com una forte presença nas coletividades judias de vários países e com vínculos, na Argentina, com setores da elite econômica”.

A seita de extrema-direita tem sido partidária da política de militarização de Israel e do uso de uma mão forte em relação aos palestinos. Ela também se opôs aos acordos de Camp David entre Israel e o Egito. Na década de 1990, os seus seguidores expressaram a sua rejeição aos acordos de Oslo, assinados em 1993 entre israelitas e palestinos. Agora, o governo de Milei se anuncia como o mais pró-israelense da história da Argentina, em um momento em que outros países latino-americanos se pronunciaram contra a criminosa estratégia bélica do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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