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Das páginas da história palestina – Sheikh Farhan al-Saadi

Na história da Palestina existem muitos grandes líderes que sacrificaram tudo para defender sua terra e sua causa. No entanto, sabemos muito pouco sobre eles e sua história quase esquecida. É claro, há muitas razões para isso: ignorância, indiferença e negligência das autoridades responsáveis. Infelizmente, em alguns casos, tamanha negligência é deliberada. Por décadas, a história de sua luta desapareceu das páginas dos livros e não obteve seus direitos de divulgação na imprensa. Portanto, como pesquisadores e profissionais de mídia, temos o dever de estudar e pesquisar a biografia desses heróis para transmitir seu legado às novas gerações e erguer um farol para a libertação da Palestina.

(Episódio 12)

Sheikh Farhan al-Saadi

Em 27 de novembro, há 85 anos, as forças britânicas executaram o sheikh Farhan al-Saadi, um dos principais companheiros e sucessor do sheikh Izz al-Din al-Qassam. Al-Saadi foi martirizado em um sábado, 27 de novembro de 1937, na prisão do Acre, após uma longa luta contra o colonialismo britânico e as gangues sionistas. Tais forças externas mobilizaram todas as suas energias para capturá-lo, sobretudo após a morte do sheikh al-Qassam, quando al-Saadi assumiu a liderança do processo revolucionário.

Farhan al-Saadi nasceu na aldeia de Al-Mazar, na região de Jenin, em 1858. Aprendeu a ler e escrever na mesquita, fez seu ensino primário em Jenin e concluiu seu ciclo de estudos no Acre. Era agricultor e trabalhava como imã em Beisan, onde começou sua luta contra o colonialismo britânico no início da década de 1920.

Em 1929, al-Saadi fundou um grupo armado que lutou contra os britânicos na Revolução de Al-Buraq e conduziu diversas operações militares. As forças coloniais britânicas o prenderam e condenaram a três anos de prisão. Al-Saadi cumpriu sua sentença na penitenciária do Acre e de Noor Shams, apesar do veredito ser proferido sem qualquer prova ou evidência. Enfim libertado, mudou-se para Haifa a trabalho, e lá conheceu o sheikh al-Qassam na Mesquita de al-Istiqlal. Al-Saadi logo se juntou a seu grupo e se tornou um de seus líderes centrais.

Al-Saadi e a Revolução

Após a morte de al-Qassam, na batalha de Ya’bad, em 20 de novembro de 1935, al-Saadi assumiu a liderança da revolução em seu lugar. O período foi caracterizado por intensa perseguição aos membros do grupo. As autoridades britânicas sabiam que os principais combatentes do grupo não haviam participado da batalha de Ya’bad – sobretudo al-Saadi –, pois fora enviado a outra missão por al-Qassam. Neste contexto, tropas coloniais britânicas passaram a invadir as aldeias sob pretexto de capturar al-Saadi.

Al-Saadi liderou combates notáveis, dentre os quais a batalha de Fandaqumiya, perto da aldeia homônima, que ocorreu na estrada entre Nablus e Jenin, em 30 de junho de 1936. Na ocasião, os revolucionários emboscaram um comboio militar britânico, atacaram-no com armamentos pesados e infligiram duras perdas. Os britânicos, por sua vez, pediram reforço, oriundo de Nablus e Haifa, e seu contingente logo ultrapassou dois mil soldados, equipados com tanques, canhões e aviões militares. O vasto contingente, contudo, não dissuadiu ou intimidou os rebeldes e os confrontos duraram seis horas. Enfim, as forças revolucionárias deixaram suas posições em direção às montanhas. Ao menos trinta soldados britânicos foram mortos em batalha; três revolucionários foram martirizados.

Cerco e captura

Farhan al-Saadi era um influente líder revolucionário, o que levou as autoridades do Mandato Britânico a empregar espiões, soldados e todo seu aparato de inteligência para prendê-lo, executá-lo e tentar enfraquecer os grupos sob seu comando. Em 22 de novembro de 1937, os moradores da aldeia de al-Mazar – a nove quilômetros de Jenin – foram surpreendidos por uma imensa tropa composta por sessenta veículos militares carregados de soldados. Na dianteira, estava o governador de Nablus, com reforços de Haifa, Acre e Nazaré. Três aviões sobrevoavam a aldeia para monitorar atividades e evitar surpresas.

O comissário regional de polícia entrou na aldeia e exigiu do prefeito (mukhtar) que persuadisse al-Saadi a se render, caso contrário destruiriam a casa de sua irmã, que ali dormia. Al-Saadi concordou em se entregar para preservar a vida dos moradores da aldeia. Deixou seu esconderijo e rendeu-se junto de três companheiros. Em seguida, as autoridades coloniais o transferiram à prisão do Acre, sob escolta de um vasto comboio militar. Seus três companheiros foram levados a Jenin, à espera de julgamento.

Julgamento e martírio

Em comunicado, o exército britânico confirmou a captura do sheikh Farhan al-Saadi e reportou que seu julgamento ocorreria em Haifa. Na noite seguinte, o general Archibald Wavell – então comandante das forças britânicas na Palestina – aprovou a sentença de morte e determinou a data de execução para sábado, 27 de novembro de 1937, às dez horas da manhã, na penitenciária do Acre.

A execução do sheikh Farhan al-Saadi teve profundo impacto na Revolução de al-Buraq – ou Grande Revolução Palestina, de 1936 a 1939 –, que prosseguiu por dois anos após seu martírio.

Das páginas da história palestina- Hajj Amin al-Husseini

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