O número de pessoas deslocadas à força na Faixa de Gaza sitiada chegou a 1.5 milhão de vítimas, reportou Lynn Hastings, coordenadora residente para assuntos humanitários das Nações Unidas nos territórios palestinos ocupados, nesta sexta-feira (3).
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Mais de 690 mil pessoas estão abrigadas nas instalações da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), além de outras localidades supostamente seguras, como hospitais, escolas e igrejas.
Israel, porém, mantém bombardeios indiscriminados a áreas civis de Gaza, como ocorreu contra o Hospital Baptista al-Ahli, em 17 de outubro, quando cerca de 500 pessoas, entre pacientes, médicos e cidadãos deslocados, foram mortas.
Durante coletiva de imprensa, Hastings reiterou as condições desafiadoras da crise, ao declarar: “A verdade é que não existe lugar seguro”.
Hastings corroborou apelos da Organização das Nações Unidas (ONU) para angariar US$1.2 bilhão até o fim do ano em recursos assistenciais destinados a 2.7 milhões de palestinos em Gaza e na Cisjordânia.
“O custo para responder às demandas de 2.7 milhões de pessoas — toda a população da Faixa de Gaza e cerca de 500 mil pessoas na Cisjordânia — é estimado em US$1.2 bilhão”, alertou o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
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“O apelo original, de 12 de outubro, pedia US$294 milhões a 1.3 milhão de pessoas. Desde então, a situação ficou cada vez mais desesperadora”, acrescentou.
Entre as demandas estão comida, água, suprimentos médicos, esforços habitacionais, insumos de higiene básica e outras amenidades críticas, inacessíveis a Gaza devido ao bloqueio militar e aos bombardeios de Israel.
Ao promover o cerco absoluto a Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, chegou a descrever toda a população civil como “animais”.
A ONU reiterou ainda a urgência de um fluxo contínuo de assistência humanitária, incluindo combustível para os geradores de hospitais, sob o blecaute imposto pela ocupação — apelo veementemente negado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, descreveu a “tragédia” em Gaza como sem precedentes, após visitar a região.
“Os níveis de angústia e as condições insalubres de vida estão além de nossa compreensão”, reportou Lazzarini. “Estão pedindo apenas água e comida. Ao invés de estarem na escola, as crianças estão pedindo por um gole d’água ou um pedaço de pão. É de partir o coração. Em último caso, só querem um cessar-fogo. Querem que essa tragédia acabe”.
O chefe da UNRWA reiterou que a atual resposta humanitária é, de longe, insuficiente.
Israel lançou mais de 25 mil toneladas de explosivos desde o início de sua atual escalada contra Gaza, em 7 de outubro, em retaliação a uma operação surpresa do movimento de resistência Hamas que cruzou a fronteira e capturou soldados e colonos.
Segundo o Monitor Euromeditarrenâneo, o volume de explosivos — 10 kg per capita — excede os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.
Foram mortos 9.061 palestinos até então, incluindo 3.760 crianças e 2.326 mulheres. Outras 32 mil pessoas ficaram feridas, além de 2.060 desaparecidos sob os escombros — dos quais 1.120 crianças.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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