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Das páginas da história palestina – Fathi Shaqaqi

Na história da Palestina existem muitos grandes líderes que sacrificaram tudo para defender sua terra e sua causa. No entanto, sabemos muito pouco sobre eles e sua história quase esquecida. É claro, há muitas razões para isso: ignorância, indiferença e negligência das autoridades responsáveis. Infelizmente, em alguns casos, tamanha negligência é deliberada. Por décadas, a história de sua luta desapareceu das páginas dos livros e não obteve seus direitos de divulgação na imprensa. Portanto, como pesquisadores e profissionais de mídia, temos o dever de estudar e pesquisar a biografia desses heróis para transmitir seu legado às novas gerações e erguer um farol para a libertação da Palestina.

(Episódio 11)

Fathi Shaqaqi

Fathi Shaqaqi se tornou gradualmente – embora em um curto período – um dos símbolos do movimento islâmico na Palestina devido a sua cultura enciclopédica e sua abordagem racional sobre os problemas enfrentados para mobilizar o mundo árabe e islâmico. Shaqaqi é ainda hoje reconhecido por renovar as estratégias do movimento islâmico na Palestina e reconectá-lo com a causa nacional por meio da resistência armada.

Fathi Shaqaqi nasceu em 4 de janeiro de 1951, no campo de refugiados de Rafah, na Faixa de Gaza, em uma família deslocada da aldeia de Zarnuqa, perto de Jaffa, na ocasião da Nakba – ou “catástrofe”, como ficou conhecida a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica, em 1948. Seu pai trabalhava como imã em uma mesquita local.

Shaqaqi conduziu seus estudos nas instituições fundadas pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no campo de Rafah. Mais tarde, viajou à Cisjordânia e ingressou na Universidade de Birzeit, perto de Ramallah, onde estudou matemática. Trabalhou como professor em Jerusalém e decidiu estudar medicina. Ao obter as médias necessárias para tanto, matriculou-se na Universidade de Zagazig, no Egito, em 1974.

Iniciou sua vida política como nasserista – movimento panárabe influenciado pelo presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Contudo, a derrota de 1967, quando Israel tomou a Cisjordânia, Jerusalém e Gaza, afetou sua orientação e o aproximou da Irmandade Muçulmana no Egito. Fascinado pela Revolução Iraniana de 1979, Shaqaqi escreveu um livro sobre o assunto, sob o título “Khomeini: Solução e alternativa islâmica”, cujas controvérsias levaram a sua prisão pelas autoridades egípcias. Sob perseguição política, Shaqaqi deixou o país e retornou à Palestina.

Inspirado por Teerã, Fathi Shaqaqi decidiu buscar formas de organizar um movimento armado para libertar a Palestina da ocupação colonial israelense. Após contactar uma série de ativistas islâmicos, foi assim fundado o movimento palestino de Jihad Islâmica, em 1981.

Após o advento de sua organização, em 1983, Shaqaqi foi capturado por Israel na Faixa de Gaza e permaneceu detido por 11 meses consecutivos. Foi preso novamente três anos depois e então condenado a quatro anos em regime fechado por associação com atividades armadas, incitação e envio de armas a forças de resistência. Em 1º de agosto de 1988, Shaqaqi foi expulso de sua terra por um tribunal militar israelense, após a eclosão da Primeira Intifada.

Não obstante, seu movimento de Jihad Islâmica conservou a estratégia de luta armada contra a ocupação e conduziu uma série de operações históricas, incluindo em Tulkarm (Beit Lid), em 22 de janeiro de 1995, ocasião na qual 22 soldados israelenses foram mortos e mais de cem feridos.

Shaqaqi viajou a diversas capitais do mundo árabe e islâmico, com intuito de mobilizar apoio à causa palestina e promover a resistência armada. Em 26 de outubro de 1995, no entanto, foi assassinado pelo Mossad – isto é, o serviço secreto de Israel –, em Malta, quando retornava da Líbia. Shaqaqi tinha somente 44 anos. Seu corpo foi transferido a Damasco, onde dezenas de milhares de palestinos participaram de seu funeral. Fathi Shaqaqi foi então sepultado no cemitério dos mártires do campo de refugiados de Yarmouk.

Quase trinta anos após seu assassinato, o movimento de Jihad Islâmica preserva sua abordagem estratégica e insiste em não desistir da Palestina – “com base nos princípios da fé, da consciência e da revolução, até que nossa terra seja libertada”.

Das páginas da história palestina- Hajj Amin al-Husseini

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Palestina: quatro mil anos de história
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