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Normalização após chacina em hospital é uma ‘vergonha’, reitera político palestino

Mustafa Barghouti durante protesto palestino [Reprodução/Agência Safa]

Mustafa Barghouti, líder da Iniciativa Nacional Palestina, partido político de esquerda, reiterou que o bombardeio israelense ao Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza, deveria levar os regimes árabes a reconsiderar a normalização de relações com Israel, promovidas por esforços diplomáticos dos Estados Unidos.

“É uma vergonha absoluta a qualquer governo árabe ter, hoje, um embaixador israelense em seu país”, disse Barghouti, cujo movimento busca uma alternativa aos partidos hegemônicos no cenário palestino, Hamas e Fatah — sediados em Gaza e na Cisjordânia, respectivamente.

“Todos os atos de normalização entre governos árabes e Israel devem ser revogados em absoluto. É o mínimo que podem fazer”, acrescentou o congressista palestino à rede de notícias Al Jazeera. “Eles também devem dizer basta aos Estados Unidos”.

Barghouti insistiu que Washington tem interesses coloniais no mundo árabe. “Muitos países fornecem petróleo e gás natural ao mercado americano. Agora, os Estados Unidos estão nos matando ao apoiar, na prática, os crimes de guerra de Israel. Isso precisa acabar”.

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Geopolítica e genocídio

Nesta terça-feira (17), enquanto o presidente americano Joe Biden estava a bordo da aeronave Força Aérea Um, a caminho de Israel, um ataque aéreo israelense atingiu o Hospital Baptista no 11° dia de bombardeios intensos a Gaza.

O Hamas descreveu o bombardeio israelense ao centro médico como “ato de genocídio”. A Autoridade Palestina (AP) rechaçou o incidente como “massacre”, em rara convergência de discurso entre tradicionais adversários políticos no cenário nacional palestino.

Logo após o ataque, Israel aventou a versão de que a explosão decorreu de um foguete disparado pela resistência palestina. A escala da destruição e registros de vídeo, porém, demonstram o contrário, com elementos característicos da tecnologia bélica israelense.

Hananya Naftali, assessor de Netanyahu, chegou a vangloriar-se do ataque na rede social X (Twitter): “A Força Aérea de Israel atingiu uma base terrorista do Hamas [sic] dentro de um hospital em Gaza. Diversos terroristas mortos [sic]”. Mais tarde, apagou a postagem.

Antes de atacar o hospital, Israel instruiu sua evacuação, apesar de alertas internacionais de que não seria possível transferir pacientes que dependem de suporte para sobreviver, como bebês recém-nascidos e pacientes de diálise e quimioterapia.

A mudança de discurso coincide com a campanha de desinformação e propaganda de guerra adotada por Israel para justificar o genocídio a Gaza.

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O Hospital Baptista não tratava apenas feridos, mas também abrigava pessoas que deixaram

o norte de Gaza sob instruções de Israel para “salvar suas vidas”. Milhares de crianças e suas famílias acreditavam ter encontrado um refúgio no local.

Atualmente, seis Estados árabes têm relações com Israel: Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. Segundo informações, a escalada em Gaza descarrilou esforços americano-israelenses para consolidar a normalização com a Arábia Saudita.

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