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Primeiras horas de retaliação israelense matam 200 palestinos em Gaza

Membros palestinos das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço militar do Hamas, que foram mortos em confrontos na fronteira Gaza-Israel, e os feridos são removidos da área e levados para a Faixa de Gaza, em Gaza, em 7 de outubro 2023 [Mustafa Hassona – Agência Anadolu]

Ao menos 198 pessoas foram mortas e 1.610 ficaram feridas na Faixa de Gaza, nas primeiras horas da retaliação israelense a uma operação de resistência das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, que se infiltrou no território considerado Israel.

Os números foram corroborados pelo Ministério da Saúde do governo em Gaza.

Em contrapartida, o serviço de resgate nacional de Israel, Magen David Adom, reportou 40 mortos e algumas centenas de feridos pela operação de resistência.

A chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa — deflagrada em torno das 6h30 da manhã do horário local — é a maior ofensiva a Israel em anos.

Mohammad Deif, comandante-chefe das Brigadas al-Qassam, reportou o disparo de cinco mil foguetes em direção a Israel. O exército israelense, por sua vez, divulgou o número de 2.200 projéteis.

A título de comparação, grupos da resistência palestina lançaram cerca de quatro mil foguetes nos 50 dias dos massacres israelenses a Gaza em 2014.

Combatentes da resistência também atravessaram a fronteira rumo ao território designado Israel — ocupado durante a Nakba, ou “catástrofe”, de 1948, como os palestinos chamam a criação do Estado de apartheid via limpeza étnica.

LEIA: Resistência palestina avança contra Israel: O que sabemos até então

“Decidimos dizer basta”, explicou Deif, ao orientar seus concidadãos à resistência em toda Palestina histórica — incluindo Gaza, Jerusalém, Cisjordânia e o território designado Israel. “Este é o dia que marca o início da grande batalha para encerrar a ocupação”.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que o Hamas cometeu um “grave erro”.

“Cidadãos de Israel, estamos em guerra”, declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em vídeo gravado no quartel-general de Tel Aviv. Pouco depois, Israel disparou bombardeios indiscriminados contra a Faixa de Gaza.

“Dezenas de jatos combatentes estão realizando ataques contra diversos alvos da organização terrorista Hamas [sic]”, alegou o exército ocupante.

“Neste momento, estamos lutando. Estamos lutando em certas localidades nos arredores de Gaza”, afirmou o porta-voz militar Richard Hecht à imprensa israelense. “Nossas forças estão combatendo em campo”

Autoridades ocupantes instruíram colonos radicados na região a ficar em casa.

Vídeos registraram confrontos entre palestinos uniformizados e soldados coloniais na zona de fronteira. Em uma das imagens, palestinos celebram enquanto um tanque da ocupação pega fogo.

Aviões de guerra israelenses responderam com a chamada “Operação Espadas de Ferro” — mais uma rodada de bombardeios contra Gaza. Cidadãos em campo no território palestino reportaram explosões ruidosas.

Enas Keshta, moradora de Rafah, no sul de Gaza, confirmou que seus concidadãos esperam uma “noite dura”, diante de um ataque de larga escala ao enclave sitiado. “A situação não é nada boa. Posso assegurar que não estamos prontos, mas uma noite dura nos aguarda. Não há lugar seguro”.

“Estamos assustados desde que a operação israelense começou”, afirmou Munir Nasser, feirante de Gaza. “Nunca vimos imagens assim de palestinos rompendo as barreiras das aldeias e cidades ocupadas”.

Nas semanas anteriores, tensões escalaram na fronteira nominal entre Gaza e Israel, após sucessivos recordes de letalidade entre os palestinos nas mãos de soldados e colonos em Jerusalém e Cisjordânia ocupada.

Ao menos 247 palestinos foram mortos por forças israelenses desde janeiro, contra 32 israelenses e dois estrangeiros.

O direito internacional prevê a resistência à ocupação e colonização como legítima — incluindo a resistência armada.

LEIA: Hamas quebra o muro vigiado entre Gaza e Israel

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