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Crimes de ódio aumentam em Jerusalém, colonos tentam justificar cuspir em cristãos

Colonos extremistas invadem a Mesquita de Al-Aqsa durante o Ano Novo Judaico (Rosh Hashanah), na Cidade Velha de Jerusalém, em 17 de setembro de 2023 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Cristãos sofrem “perseguição” endêmica perpetrada por colonos ilegais em Jerusalém ocupada, sob omissão do governo israelense, advertiu nesta terça-feira (3) o Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

“Sentimos na pele a perseguição contra nossa comunidade e nossa religião”,

afirmou Youssef Daher, coordenador da entidade eclesiástica em Jerusalém ocupada, em entrevista à agência de notícias Anadolu.

“Há uma perseguição judaico-israelense em curso contra nós, encorajada pela negligência da polícia ou por declarações feitas por ministros do gabinete israelense”, explicou. “Se a polícia fosse séria, não permitiria tais incidentes. A omissão encoraja os extremistas”.

Na segunda-feira (2), vídeos circularam nas redes sociais de colonos israelenses cuspindo em cristãos que deixavam uma igreja na Cidade Velha de Jerusalém.

O Patriarca Latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, reiterou que tais incidentes não são novidade. “Contudo, sinto que recentemente se tornaram mais comuns”.

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“[A escalada] está relacionada a grupos ultraortodoxos e sionistas religiosos, cuja presença na Cidade Velha [de Jerusalém] é maior do que nunca”, advertiu Pizzaballa. “Não há dúvida de que há rabinos que aprovam e mesmo encorajam tais ações”.

Pizzaballa destacou a responsabilidade do governo de extrema-direita do premiê Benjamin Netanyahu por instigar a escalada contra os cristãos. “Alguns desses grupos sentem que, se não recebem apoio [do Estado], ao menos recebem proteção”.

O patriarca explicou, no entanto, que os ataques contra cristãos não são um caso isolado. “O que vemos acontecer aos cristãos é parte de um fenômeno maior. Vozes moderadas não são ouvidas e vozes extremas se tornam mais fortes”, reiterou.

As violações contra cristãos registraram pico no último final de semana, durante o início do feriado judaico de Sucot, quando milhares de colonos marcharam à cidade, ao ecoar gritos racistas e perpetrar atos de agressão.

Colonos defenderam as agressões sob o pretexto de “um antigo costume judaico”.

Elisha Yered — suspeito de envolvimento no assassinato do jovem palestino Qusai Jamal Maatan — defendeu cuspir em terceiros na rede social X (Twitter).

“Vale dizer que cuspir nas adjacências de um padre ou de uma igreja é um antigo costume judaico”, afirmou Yered. “Talvez, devido à influência ocidental, nos esquecemos do que é a Cristandade, mas penso que milhões de judeus que passaram pelas cruzadas no exílio, por torturas da Inquisição e pelos pogroms de massa jamais se esquecerão”.

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Há cerca de oito mil palestinos cristãos em Jerusalém ocupada, insistiu Daher. A comunidade documentou numerosos ataques nos últimos meses. As paróquias, de sua parte, registraram boletins de ocorrência; contudo, sem resposta.

Jerusalém Oriental foi ocupada por Israel em 1967, durante a chamada Guerra dos Seis Dias. A região abriga, além da Mesquita de Al-Aqsa (terceiro lugar mais sagrado para o islamismo), diversos santuários cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro.

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