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Na ONU, líderes da América Latina reivindicam Palestina livre

Presidente do Chile, Gabriel Boric, discursa na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2023 [ONU/Reprodução]

Líderes da América Latina fizeram eco a apelos pelos direitos do povo palestino ao reafirmar “a necessidade de se estabelecer um Estado palestino livre” durante sua participação na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta semana.

Entre 19 e 26 de setembro, o evento da Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu, como de costume, chefes de governo de todo o mundo, ao ouvir lideranças emergentes de países como Chile, Cuba, Brasil, Bolívia e Colômbia reivindicarem do fórum global “que denuncie a perseguição” contra os palestinos.

O presidente mais jovem do mundo, o chileno Gabriel Boric ressoou o alarme sobre abusos perpetrados por Israel contra o povo palestino. Boric instou o mundo “a não permanecer em silêncio enquanto vê a ocupação ilegal da Palestina e sua impossibilidade de estabelecer um Estado”. Ao pedir apoio neste sentido aos Estados-membros da ONU, reiterou Boric: “Temos de reconhecer seus direitos sob a lei internacional”.

Boric é um notório apoiador da causa palestina que ascendeu à presidência como ativista de direitos humanos e pela democracia. Para o líder chileno, a comunidade internacional deve “defender os direitos humanos em toda e qualquer parte, em toda e qualquer ocasião, não importa a posição política do governo que os transgride”.

Boric, no entanto, não foi o único líder latino-americano a trazer a questão palestina à tona.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reiterou: “Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz. Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana. Conhecemos os horrores e os sofrimentos produzidos por todas as guerras. A promoção de uma cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância”.

“É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças”, prosseguiu Lula. “Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino”.

Nos bastidores do plenário anual das Nações Unidas, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se reuniu com Lula, que destacou seu apoio ao povo palestino e prometeu manter a coordenação para fortalecer os laços existentes entre os países. Abbas aproveitou a oportunidade para convidar Lula a visitar a Palestina ocupada.

Durante seu discurso, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, argumentou: “Aqueles que invadiram nossos países várias vezes são os mesmos que falam hoje de combater invasões. Se esquecem que, por petróleo, invadiram o Iraque, a Síria e a Líbia. Ignoram que as razões que alegam para defender a Ucrânia são as mesmas razões com as quais deveriam defender a Palestina”.

Para conquistar a paz, segundo Petro, é preciso acabar com todas as guerras, de modo que cabe à ONU realizar duas conferências de paz: uma sobre a Ucrânia, outra sobre a Palestina. Como resultado de ambas, de forma complementar, poderemos dar fim à “hipocrisia como prática política”, reafirmou Petro.

Petro lamentou “perder tempo matando um ao outro em vez de solucionar os problemas e assegurar um futuro sustentável”. Para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável e garantir o futuro do planeta, disse Petro, é preciso justiça social.

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, discursa na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2023 [ONU/Reprodução]

O presidente da Bolívia, Luis Alberto Arce Catacora, instou a comunidade internacional a dar fim à ocupação israelense na Palestina, ao permitir que o povo nativo da região exerça seus direitos à autodeterminação em um Estado livre, independente e soberano nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.

“A crise em curso exige uma Organização das Nações Unidas que seja forte, coerente com os princípios, comprometida com a paz e que mantenha seu caráter intergovernamental, sem subordinar-se, contudo, a qualquer poder hegemônico, seja econômico, político ou militar”, alertou Arce.

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Diante dessa conjuntura, o presidente boliviano reiterou o compromisso da América Latina e do Caribe em proclamar-se Zona de Paz, conforme o panorama da Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac).

“Quanto à ocupação da Palestina por Israel, não podemos continuar a permitir o sofrimento do povo palestino”, declarou Arce. “Reiteramos nosso apoio a esforços mundiais e regionais, ao direito internacional e às resoluções das Nações Unidas que buscam garantir uma solução [à questão palestina]”.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, de sua parte reafirmou a solidariedade de seu país ao povo palestino e sua justa causa e rechaçou medidas arbitrárias e unilaterais que lhe são impostas, em detrimento da lei internacional.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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