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Sudão marca quatro meses de guerra com mortos por “recolher, identificar e enterrar”

Manifestantes entram em confronto com as forças de segurança enquanto intervêm nos manifestantes para impedi-los de marchar em direção ao palácio presidencial durante manifestações exigindo o governo civil na capital do Sudão, Cartum, em 12 de maio de 2022 [Mahmoud Hjaj – Agência Anadolu]

As Nações Unidas estimam que pelo menos 4 mil pessoas foram mortas em quatro meses do conflito no Sudão. Entre as centenas de vítimas fatais estão civis, incluindo 28 trabalhadores humanitários, do setor da saúde e 435 crianças.

O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, aponta que os números das vítimas podem ser muito maiores.

Mortos por recolher, identificar e enterrar

Falando a jornalistas, em Genebra, sua porta-voz, Elizabeth Throssell, apontou dificuldades de acesso a áreas mais afetadas. Ela enfatizou que há restos mortais de muitas pessoas que não foram recolhidos, identificados ou enterrados.

A nota considera a guerra no Sudão como “desastrosa e sem sentido “causada pela “busca desenfreada pelo poder que resultou em milhares de mortes, destruição de casas de famílias, escolas, hospitais e outros serviços essenciais.”

Além disso, questões como o deslocamento maciço, bem como violência sexual, estão entre atos que podem ser considerados crimes de guerra.

Graves violações do direito internacional

O Escritório de Direitos Humanos da ONU diz haver motivos razoáveis ​​para crer que as Forças Armadas do Sudão e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido cometeram graves violações do direito internacional durante o atual conflito.

A nota destaca ainda uma série de delitos que “podem incluir violações da lei humanitária internacional e da lei de direitos humanos”, apelando que os autores sejam responsabilizados.

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O chefe de direitos humanos aponta que a situação caótica marcada por impunidade seja explorada por grupos armados oportunistas e de milícias e escalar ainda mais a violência.

Várias agências publicaram uma nota conjunta destacando a falta de comida enfrentada por milhões de pessoas no Sudão.

O tempo está se esgotando para agricultores

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, alertam que o tempo está se esgotando para os agricultores plantarem safras que irão alimentar tanto a eles como aos vizinhos.

Com a falta de suprimentos médicos, a situação sudanesa está “ficando fora de controle”, de acordo com um grupo de agências humanitárias.

O conflito registrou ataques contra civis com base em sua etnia em áreas como a capital sudanesa, Cartum, e em cidades próximas, além de El Obeid no Kordofan do Norte e partes da região de Darfur Ocidental.

Impacto arrasador na vida, na saúde e no bem-estar

As denúncias de agressões sexuais aumentaram 50%, de acordo com a diretora para os Estados Árabes do Fundo da ONU para a População, Unfpa, Laila Baker.

Milhões de residentes em Cartum não têm eletricidade, comunicações, água e estão expostos a saques. O impacto é arrasador na vida, na saúde e no bem-estar das pessoas, quando 67% dos hospitais de áreas mais afetadas não funcionam.

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A Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou 53 ataques a serviços de saúde, com 11 funcionários mortos e 38 feridos. Estes e outros desafios impediram o acesso de dezenas de milhares de pessoas aos cuidados de saúde.

Publicado originalmente em ONU News

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