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À véspera de visita da AIEA, Irã alega dobrar enriquecimento de urânio

Inspetor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no centro nuclear de Natanz, cerca de 300 km ao sul de Teerã, em 20 de janeiro de 2014 [Kazem Ghane/IRNA/AFP via Getty Images]
Inspetor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no centro nuclear de Natanz, cerca de 300 km ao sul de Teerã, em 20 de janeiro de 2014 [Kazem Ghane/IRNA/AFP via Getty Images]

Mohammad Eslami, chefe da agência nuclear iraniana, afirmou que seu país do que dobrou sua capacidade histórica de enriquecimento de urânio, ao enaltecer um projeto de lei aprovado há dois anos pelos supostos recordes.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Os comentários de Eslami, neste sábado (17), antecederam em somente um dia a visita de uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para debater pendências.

Eslami fez seu pronunciamento durante encontro com parlamentares, ao creditar a “lei de ação estratégica”, de dezembro de 2020, por seus avanços. A legislação foi deferida semanas depois do assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, principal cientista nuclear do país.

Sob o acordo nuclear assinado em 2015 – conhecido oficialmente como Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA) –, o Irã tem permissão de enriquecer urânio a apenas 3.67%. Contudo, o limite foi superado após os Estados Unidos abandonarem o pacto em 2018, elevando os níveis a 4.5%.

Após a morte de Fakhrizadeh, na periferia de Teerã, em novembro de 2020, o regime anunciou escalar o enriquecimento de urânio de 4.5% a 20%, além de aumentar o número de centrífugas avançadas em operação.

Em abril de 2021, o Irã alegou elevar os níveis de enriquecimento de urânio a 60% de pureza, na instalação nuclear de Nataz, na província de Isfahan. Em novembro passado, a agência iraniana reportou o mesmo para a usina subterrânea de Fordow, no centro do país.

Os avanços incitaram receios no Ocidente, em meio a uma investigação da AIEA sobre traços de urânio encontrados em três locais não-declarados. As denúncias impactaram as conversas pela retomada do acordo nuclear e Teerã passou a condicionar sua assinatura ao fim do inquérito.

A visita estava marcada para novembro, mas foi protelada após o conselho de governadores da AIEA aprovar uma resolução para que o Irã colabore com o inquérito.

Neste entremeio, Behrouz Kamalvandi – porta-voz da agência nuclear iraniana – corroborou os elogios de Eslami sobre o suposto recorde de 60% de pureza em urânio enriquecido, alcançado “oficialmente” pela república islâmica.

Enriquecimento a 60% de pureza é ainda abaixo dos 90% necessários para produzir armas. Não obstante, países ocidentais temem novos avanços mediante tensões sobre os protestos no Irã e relatos de que o país está abastecendo a invasão russa na Ucrânia com drones militares.

LEIA: Presidentes russo e iraniano discutem agenda bilateral

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