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Irã prende atriz de cinema premiada em meio à repressão aos protestos

Atriz iraniana Taraneh Alidoosti, 26 de maio de 2022 [Loic Venance/AFP via Getty Images]
Atriz iraniana Taraneh Alidoosti, 26 de maio de 2022 [Loic Venance/AFP via Getty Images]

Taraneh Alidoosti, conhecida atriz de cinema e ativista iraniana pelos direitos das mulheres, foi presa neste sábado (17) por seu apoio aos protestos que tomam a república islâmica há meses, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

A rede de imprensa Mizan – filiada ao judiciário iraniano – confirmou que diversas celebridades foram convocadas à sede da promotoria pública em Teerã para “explicar” declarações recentes e fornecer provas a suas “alegações”.

Alidoosti tornou-se conhecida do público internacional pelo longa-metragem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, de 2016, que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na premiação do ano seguinte.

Conforme o judiciário iraniano, Alidoosti não encaminhou qualquer documento para corroborar suas denúncias. Deste modo, a atriz foi detida “sob mandado judicial”.

Não há detalhes sobre outras celebridades convocadas pela promotoria pública, sob acusações de “publicar materiais provocativos em apoio aos levantes de rua”, em referência aos protestos deflagrados pela morte em custódia de Mahsa Amini, de 22 anos, em setembro.

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Fúria cresce no Irã após morte de mulher presa por uso de hijab incorreto segundo a polícia de costumes – Charge [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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Na última semana, Alidoosti – eloquente crítica do regime – expressou seu repúdio à morte de Mohsen Shikari, primeiro prisioneiro executado sob acusações relativas aos protestos.

“O Irã executou há pouco um manifestante. Um cidadão de 23 anos, preso, julgado e morto em menos de dois meses. Seu nome era Mohsen Shekari”, escreveu Alidoosti no Instagram. “Todas as organizações internacionais que assistem ao massacre e recusam-se a agir são uma vergonha para a humanidade”.

A imprensa estatal acusou a consagrada atriz de “propagar mentiras, incitar sedição e apoiar os grupos contrarrevolucionários”.

Onze manifestantes foram condenadas à pena capital até então, duas já executadas. Shikari foi acusado de perturbar a ordem social, ameaçar a segurança nacional e ferir um agente de polícia na zona oeste da capital Teerã.

No início de dezembro, a atriz de 38 anos compartilhou uma foto sua sem o véu no Instagram, com um cartaz escrito “Mulher, Vida e Liberdade”, slogan dos protestos em curso.

Muitas outras figuras proeminentes da televisão e do cinema iraniano, além de personalidades esportivas, receberam ordens para comparecer à delegacia ou mandados de prisão nos últimos meses, em relação a suas atividades online em apoio às manifestações.

Em 21 de novembro, duas atrizes famosas, Katayoun Riahi e Hengameh Ghaziani, foram presas por “conspiração”, devido a declarações nas redes sociais.

O Irã é tomado por protestos desde setembro. Estados ocidentais acusam o regime de violar os direitos dos manifestantes. A teocracia, contudo, insiste que Estados Unidos e aliados europeus “alimentam o levante” e “instigam os sabotadores”.

Conforme o Ministério do Interior do Irã, ao menos 200 pessoas foram mortas durante os atos. Grupos de direitos humanos alertam para subnotificação, com mais de 450 vítimas.

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