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Assassinatos não serão capazes de parar a resistência palestina

Protesto realizado na Cidade de Gaza contra o assassinato de seis palestinos durante uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada, em 25 de outubro de 2022 [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

As forças militares da ocupação israelense, em colaboração com agentes locais, assassinaram o suposto líder do grupo conhecido como Toca dos Leões, Tamer al-Kilani – que descanse em paz. Al-Kilani foi executado em 23 de outubro por uma bomba plantada em uma moto, detonada de maneira remota. O explosivo ceifou sua vida.

Quem detonou a bomba no momento exato? A imprensa israelense não aborda a questão nem busca identificar os responsáveis. A lógica sugere que foi um colaborador em campo ou mesmo um drone ou aeronave de reconhecimento.

A tese de colaboracionismo é verossímil, motivo pelo qual a Toca dos Leões precisa reforçar sua segurança e encontrar o perpetrador. É preciso cautela por parte do grupo de resistência, após estudar em detalhes a operação israelense. De fato, Nablus requer maior segurança; ao menos seis palestinos foram mortos na cidade somente nesta semana.

O uso de explosivos detonados remotamente não é um método novo para executar palestinos, como alegam os jornais israelenses. No longínquo ano de 1996, Yahya Ayyash foi assassinado na Faixa de Gaza por uma bomba remota planta em um celular. Em 2006, Israel matou Abu al-Abed al-Quqa, líder dos comitês populares, com um explosivo instalado em um carro na estrada pela qual passava a caminho da mesquita. Este método cotidiano depende, não obstante, de apenas dois elementos para seu sucesso: um agente local e inteligência precisa para monitorar o alvo, com informações atualizadas minuto a minuto.

Forças israelenses atacam Gaza [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O perigo aos palestinos é que tais atos não deixam uma impressão digital evidente a olho nu, de modo que o inimigo pode omitir sua responsabilidade por uma torrente de mentiras. Porém, ao mesmo tempo, não há confronto com a base popular da Toca dos Leões, de modo a evitar que a população responda diretamente, o que pode abrir caminho a insurreições de massa. De fato, a mensagem deixada por tais assassinatos a combatentes da resistência é nítida, com objetivo de restringir seu movimento e sua mobilização. Trata-se de uma conquista notável do inimigo e de seu governo, sobretudo em meio à prorrogação de uma invasão de larga escala a um momento mais oportunos.

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Ao assassinar indivíduos, as forças opressoras buscam enfraquecer a Toca dos Leões e minguar sua atratividade ao povo palestino. Em contrapartida, buscam proteger a Autoridade Palestina (AP) de um eventual colapso em meio a uma operação aberta.

No entanto, nada disso fará desaparecer os colonos ilegais israelenses e sua agressão cotidiana; nada disso tornará a Cisjordânia ou Jerusalém ocupada mais estável ou segura. Israel executou muitas figuras influentes em Gaza e na Cisjordânia; todavia, logo são substituídos. A resistência não somente sobreviveu ao assassinato de seus líderes e ativistas, como foi renovada. Enquanto

houver ocupação e colonialismo, haverá resistência.

Este artigo foi publicado originalmente em árabe pela rede Felesteen em 25 de outubro de 2022, editado para o MEMO

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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