Dos doze campos de refugiados palestinos situados oficialmente no Líbano, Ain el-Hilweh (‘Ayn al-Hilwe) é o maior tanto em área quanto população, conhecido entre seus 33 mil habitantes como “capital da diáspora”. Este epíteto é bastante adequado, considerando o grau inigualável de autonomia política e territorial da qual desfrutam os palestinos – segundo alguns analistas, a maior autonomia conferida aos refugiados em qualquer outro estado árabe.
Ain el-Hilweh é também um dos campos mais disputados do país, com a presença de diversas facções políticas, muitas das quais com sua própria milícia. Ao navegar por essa paisagem política complexa, a obra The Palestinian National Movement in Lebanon: A Political History of the ‘Ayn Al-Hilwe Camp – em tradução livre, O movimento nacional palestino no Líbano: Uma história política do campo de ‘Ayn al-Hilwe –, de Erling Lorentzen Sogg, fornece um estudo etnográfico contundente sobre a conjuntura local posterior aos Acordos de Oslo.
O livro busca aprofundar nosso conhecimento sobre a “dualidade paradoxal de despossessão e falta de direitos, por um lado, com a autonomia política, por outro”. Sogge, por meio de sua pesquisa, que compreende entrevistas com figuras políticas e paramilitares, expande a noção pré-existente sobre os campos de refugiados – sobretudo Ain el-Hilweh –, ao retratá-los como “pequenos estados palestinos no exílio”.
Os Acordos de Oslo, assinados em 1993 pela ascendente Autoridade Palestina (AP) e a ocupação israelense, tinham como intuito – apontam especialistas – “encerrar uma era da presença do movimento nacional em seu exílio”. No entanto, a ideia de Sogge corrobora a tese de que o movimento nacional revolucionário na diáspora ainda sobrevive.
Este livro é finalista do Prêmio Palestine Book 2022. Clique aqui para ler a resenha completa no site da premiação.
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