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Prefeitura de Tel Aviv distribui mapa da Linha Verde em desafio ao governo central

25 de agosto de 2022, às 15h23

Autoridades federais de Israel buscam proibir escolas de adotar mapas que mostram as fronteiras da Palestina histórica, anteriores à ocupação militar de 1967

A prefeitura de Tel Aviv-Jaffa enviou a instituições de ensino uma série de materiais contendo mapas que registram as fronteiras da chamada Linha Verde – anteriores à tomada militar dos territórios palestinos em 1967 –, apesar de esforços do governo para censurar conhecimento histórico sobre os avanços territoriais da ocupação sionista.

Nesta quarta-feira (24), o Ministério da Educação de Israel proibiu Tel Aviv de exibir os mapas – “mesmo como pôster na parede”. A vice-prefeita Chen Arieli, no entanto, confirmou no Twitter que os materiais continuarão nas salas de aula.

“A resposta do ministério é deplorável, seguiremos como planejado”, declarou Arieli. “Meninos e meninas merecem crescer com uma percepção realista e sem censura do espaço. Trata-se de um projeto que desenvolvemos há dois anos, do qual me orgulho bastante”.

A Linha Verde – fronteira imposta pelo “armistício” árabe-israelense após a Nakba, como ficou conhecida a criação do estado ocupante, por meio de limpeza étnica, em 1948 – é semelhante às fronteiras atuais de Israel. No papel, o mapa histórico preserva os limites da Faixa de Gaza e Cisjordânia.

Contudo, o mapa reivindicado pela ocupação consiste ainda de Jerusalém Oriental, capturada pelo exército israelense em 1967, e as colinas de Golã, expropriadas da Síria no mesmo ano e anexadas unilateralmente em 1981.

Nesta quinta-feira (25), a prefeitura enviou três mapas a suas escolas: um de Tel Aviv-Jaffa; outro de Israel, Cisjordânia e Gaza, incluindo a Linha Verde; e outro das fronteiras políticas contemporâneas, incluindo a bacia do Mediterrâneo Oriental.

Ao divulgar os mapas, a prefeitura contestou diretamente ordens do Ministério da Educação, que condenou os documentos históricos como “amadores” em sua cartografia e “enviesados em seu uso do termo ‘linha de soberania’”.

Segundo o ministério, a única instituição legalmente autorizada a produzir mapas no estado sionista é o Censo de Israel. Autoridades, porém, recusaram-se previamente a localizar com precisão as fronteiras da Linha Verde, ao alegar que as informações “prejudicam as relações exteriores de Israel”.

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Ron Huldai, prefeito de Tel Aviv, apoiou a decisão de redarguir o governo. Em carta a diretores de escolas, declarou Huldai: “É crucial que estudantes saibam de nossas fronteiras soberanas e da realidade complexa nas áreas onde cidadãos judeus vivem ao lado das comunidades árabes sob gestão da Autoridade Palestina”

Segundo o prefeito, o conhecimento do “estado, suas paisagens e fronteiras é essencial para envolver o cidadão”. Em conclusão, Huldai defendeu o mapa como “acessório necessário em quase toda matéria da grade curricular”.