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Egito corta luz em casa para exportar gás à Europa, em meio à guerra na Ucrânia

Usina termoelétrica no Cairo, Egito, 13 de janeiro de 2022 [Amir Makar/AFP/Getty Images]
Usina termoelétrica no Cairo, Egito, 13 de janeiro de 2022 [Amir Makar/AFP/Getty Images]

O Primeiro-Ministro do Egito Mostafa Madbouly confirmou que seu governo conduzirá cortes de energia elétrica em âmbito doméstico para exportar mais gás natural à Europa, em meio à invasão russa da Ucrânia, com intuito de gerar reservas de moeda estrangeira.

O Egito reduzirá o uso de energia para iluminação pública e de instalações esportivas, reportou a agência de notícias Bloomberg. Luzes externas nos edifícios públicos serão desligadas fora do horário comercial.

O regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi luta contra as repercussões do conflito no Leste Europeu, que elevaram drasticamente os custos do trigo. Rússia e Ucrânia são os maiores exportadores de trigo de todo o mundo e o Egito é o maior importador; 80% de seu suprimento deriva dos países em guerra.

Nesta semana, negociadores egípcios se encontraram com representantes do Banco Mundial, com o intuito de asseverar um empréstimo de US$500 milhões voltado à segurança alimentar no estado norte-africano.

Além do trigo e derivados, a carestia atingiu a conta de energia elétrica, a gasolina e outras commodities básicas. O Egito sofre de uma persistente crise socioeconômica – um terço da população vive abaixo da linha da pobreza.

Em junho, a União Europeia assinou um memorando de entendimento com Israel e Egito para ampliar as exportações de gás natural à Europa, para substituir os insumos de Moscou, após a adoção de severas sanções econômicas ao estado ocupante.

Em 2021, a Rússia compreendeu 40% das importações de gás natural da União Europeia. Desde a deflagração da guerra, em fevereiro deste ano, os números caíram em dois terços.

A Agência Internacional de Energia sugeriu aos governos que reduzissem a demanda de gás natural russo e buscassem novos mercados, ao advertir que o Kremlin pode fechar todos os gasodutos em direção à Europa no próximo inverno – isto é, em meados de dezembro.

A Rússia reduziu ou cortou a oferta a diversos países europeus. Analistas consideram a medida como retaliação pelas sanções econômicas oriundas da guerra na Ucrânia.

Em 2020, Egito e Israel assinaram um tratado sob o qual o estado sionista repassa cerca de 20 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia ao vizinho norte-africano, então responsável por liquefazer o produto e exportá-lo ao continente europeu.

LEIA: Negociações com a Ucrânia dependem de não interferência do Ocidente, diz chanceler russo

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