Israel estende punição coletiva a avós, vizinhos e amigos

Mais de 1.100 palestinos tiveram seus vistos de entrada revogados na mais recente campanha israelense de punição coletiva. Medidas draconianas adotadas pelo gabinete de segurança em Tel Aviv foram estendidas a primos e avós de cidadãos palestinos rotulados como “terroristas”.

Até março, apenas parentes de primeiro grau — pais e irmãos — tinham negado seu direito de entrada em Jerusalém ocupada e no território considerado Israel, isto é, expropriado durante a Nakba ou “catástrofe” em 1948, mediante limpeza étnica.

No entanto, medidas adotadas recentemente, após uma série de supostos ataques palestinos, deve estender a prática ilegal de punição coletiva a parentes de segundo grau, como primos e avós, além de vizinhos e amigos — mesmo que não haja qualquer indicativo de conhecimento prévio ou cumplicidade aos ataques.

O sistema de visto instituído por Israel impõe restrições cotidianas ao movimento da população árabe, ao obrigar os cidadãos nativos dos territórios ocupados a requerer permissão para viajar pela Palestina histórica — incluindo Jerusalém Oriental — seja a trabalho, cuidados médicos ou reunião familiar.

ASSISTA: Israel usa menina palestina como escudo humano durante ataque a Jenin

Os palestinos são então constrangidos a apresentar os document os de autorização, deferidos por Israel, para atravessar postos de controle militar.

Conforme o jornal israelense Haaretz, oficiais de segurança do estado ocupante pediram para que um maior número de parentes fosse sancionado. Um ministro chegou a sugerir sanções a todo o clã de um cidadão considerado “terrorista” — o que pode equivaler a 15 mil ou até 50 mil pessoas, na Cisjordânia ocupada. Entretanto, a alta cúpula opôs-se à ideia, ao considerá-la abrangente demais.

O Ministro da Justiça de Israel Gideon Sa’ar chegou a recomendar a deportação de famílias inteiras, devido a parentesco com palestinos considerados suspeitos nos ataques recentes.

A punição coletiva é uma herança do Mandato Britânico e representa uma das medidas mais extremas adotadas pela colonização sionista contra a população nativa. Após Israel estender sua ocupação a Jerusalém Oriental e Cisjordânia, em 1967, a punição coletiva tornou-se uma prática cotidiana, sobretudo com a demolição de casas.

Por definição, a política adotada por Tel Aviv tem como objetivo punir pessoas inocentes, mas que possuem algum parentesco ou relação com eventuais suspeitos de ataques a soldados ou colonos israelenses.

Sob a lei internacional, nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos deve ser punido por atos cometidos por terceiros, incluindo prisioneiros de guerra.

A lei internacional também prevê que comunidades sob ocupação militar — os palestinos, por exemplo — podem engajar-se em qualquer meio de resistência, incluindo resistência armada.

Sair da versão mobile