O Parlamento da Somália elegeu um novo presidente do congresso nesta quinta-feira (28) após tensões entre as tropas de paz da União Africana e a polícia local. O incidente avigorou disputas internas no aparato de segurança, agravadas pelo adiamento das eleições.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Na quarta-feira (27), policiais aliados ao presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmaajo, impediram congressistas de acessar um hangar do aeroporto no qual o pleito para chefe do parlamento era realizado, sob alegações de adiamento da sessão.
Em contrapartida, o premiê Mohamed Hussein Roble, que disputa o poder com Farmaajo há meses, instruiu as forças de paz a garantir salvo-conduto aos legisladores. A situação levou a confrontos nos portões de acesso, segundo testemunhas da Reuters.
Eventualmente, nas primeiras horas desta quinta-feira, os parlamentares enfim elegeram Adan Mohamed Nur como líder da câmara baixa. Nur é um opositor veterano visto como pragmático e moderado, em contraponto ao presidente.
Farmaajo e Roble, no entanto, parabenizaram Nur no Twitter.
As eleições do congresso e senado são um passo fundamental para compor um novo governo, cujo prazo expira em 17 de maio, conforme a prerrogativa orçamentária do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O senador Abdi Hashi, também crítico do presidente, foi reeleito como presidente da câmara alta na última terça-feira (26).
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O processo eleitoral somali, há muito prorrogado, tornou-se marcado pela violência de grupos extremistas e impasses políticos. A conjuntura escalou para confrontos armados entre facções rivais do exército nas ruas da capital.
As eleições estavam previstas para ocorrer há um ano, mas foram adiadas quando Farmaajo tentou distender seu mandato de quatro para seis anos, medida obstruída pelo parlamento.
“O sistema político do país está ainda em sua infância”, destacou Rashid Abdi, analista-chefe do Centro de Pesquisa Sahan, sediado em Nairóbi. “Isso não significa necessariamente uma vitória da oposição, mas ela agora controla ambas as câmaras. As chances da reeleição de Farmaajo se tornaram agora muito menores”.
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