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Ataques de Israel a Al-Aqsa são insulto contra muçulmanos em todo mundo

Palestinos limpam o assoalho da Mesquita de Al-Aqsa após ataques israelenses, em Jerusalém ocupada, 15 de abril de 2022 [Ahmad Gharabli/AFP via Getty Images]

A Mesquita de Al-Aqsa sofre ameaças desde o advento da ocupação militar israelense de Jerusalém Oriental em 1967. Desde então, autoridades sionistas permitem a colonos ilegais que assediem fiéis e profanem o santuário islâmico. No entanto, ao longo da última década, os ataques contra Al-Aqsa foram promovidos e mesmo orientados pelas elites políticas de Israel.

Um ponto de incitamento direto marcou-se por Ariel Sharon, que invadiu o Nobre Santuário de Al-Aqsa em meados de 2000, junto de políticos de seu partido Likud. A reação palestina à provocação israelense culminou na Segunda Intifada. Durante o levante popular, milhares de lares árabes foram demolidos, milhares de palestinos foram encarcerados nas celas da ocupação e mais de três mil outros foram mortos.

Os ataques a Al-Aqsa e seus fiéis pacíficos nos últimos anos tornaram-se tão frequentes que foram, na prática, normalizados pelo público, pelas autoridades e pela comunidade internacional. No Ramadã de 2021, o santuário islâmico vivenciou um dos ataques mais brutais conduzidos por Israel, incluindo agressões físicas contra religiosos e disparos de balas de borracha e granadas de efeito moral dentro da mesquita. No Ramadã do ano seguinte, Israel não somente reiterou sua agressão, como decidiu prolongá-la e torná-la mais violenta.

A Mesquita de Al-Aqsa é o local mais sagrado de Jerusalém para muçulmanos de todo o mundo. Trata-se de um símbolo da memória do Profeta, análogo a Meca e Medina. Al-Aqsa compõe efetivamente o intrincado tecido da história islâmica e remete lições de Omar, o segundo califa, sobre como comportar-se com ética quando vitorioso. Recorda lições de resistência de Salahudeen (Saladino) e abrigou diversas figuras proeminentes da cultura islâmica, como o imã al-Ghazali, a estudiosa Rabia de Basra, o sheikh Ibrahim Ibn Adham e muitos outros.

A centralidade de Al-Aqsa para os muçulmanos permanece inquestionável. Os ataques israelenses não são restritos, portanto, a agressões diretas ao povo palestino. A profanação de Israel contra Al-Aqsa representa, sim, uma afronta a muçulmanos em todo o planeta. Não obstante, as autoridades israelenses atuam e conferem apoio a seus colonos extremistas, o que evidencia seu desprezo sobre toda a fé islâmica, representada por Al-Aqsa.

LEIA: LEIA: Profanação e violência na Mesquita de Al Aqsa: face brutal da limpeza étnica sionista na Palestina

Ao longo dos sucessivos massacres ordenados por Tel Aviv, os palestinos se uniram em defesa de Al-Aqsa. De fato, no Ramadã de 2021, dentro de horas após uma onda de agressões sionistas, estima-se que mais de 260 mil palestinos se reuniram para realizar suas orações do mês sagrado islâmico. De mesmo modo, neste ano, apesar de restrições, checkpoints, campanhas de prisão, espancamentos a céu aberto e mesmo assassinatos, ao menos cem mil pessoas conduziram suas preces em Al-Aqsa.

As violações israelenses são impostas diretamente ao povo palestino. Não obstante, a importância espiritual do Nobre Santuário de Al-Aqsa cabe a muçulmanos de todo o mundo. Dessa maneira, fica a pergunta: o que faz a comunidade islâmica de outros países para proteger seus lugares sagrados.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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