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Milhares tomam as ruas do Sudão contra o aumento dos preços

18 de março de 2022, às 11h13

Forças de segurança reprimem protesto pela dissolução do regime militar em Cartum, capital do Sudão, em 18 de fevereiro de 2022 [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]

Milhares de sudaneses saíram às ruas da capital Cartum nesta quinta-feira (17) para protestar contra o aumento nos preços e as condições de miséria que assolam o país.

Os manifestantes se reuniram perto do palácio presidencial com cartazes contra a situação econômica, reportou um correspondente in loco da agência de notícias Anadolu.

Na última semana, o governo militar voltou a desvalorizar a moeda nacional a cerca de 610 libras sudanesas para cada dólar. As autoridades defenderam a medida de austeridade sob pretexto de unificar as taxas de câmbio no país.

“As condições de vida se deterioram mais e mais a cada dia”, lamentou Walid Ahmed, engenheiro de 51 anos, ao repórter da agência Anadolu.

“Os preços no mercado local estão nas alturas”, reafirmou Ahmed. “As condições de vida estão péssimas e o custo das necessidades básicas tornou-se insuportável para os cidadãos comuns”.

“O governo suspendeu o subsídio de combustível, eletricidade, farinha e gás de comida”, acrescentou. “Isso tudo afetou os mercados, sem qualquer fiscalização das autoridades”.

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Sarah Hussein, de 30 anos, culpou a tomada militar do poder pelo agravamento da situação social no Sudão. “O golpe militar é responsável por essa deterioração econômica”, apontou.

“Há diversas sanções restabelecidas contra nosso país e doadores internacionais e organizações assistenciais decidiram reter bilhões de dólares que deveriam chegar antes do golpe”, destacou Hussein.

Em 25 de outubro de 2021, o exército sudanês depôs o governo transicional do premiê Abdalla Hamdok e promulgou “estado de emergência”. Protestos eclodiram contra o “golpe de estado”.

Até então, desde a queda do longevo ditador Omar al-Bashir, em 2019, o país era governado por um conselho civil-militar cuja prerrogativa era preparar eleições previstas para 2023.