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Conflito Rússia-Ucrânia: “ONU não tem conhecimento de nenhum programa de arma biológica”

11 de março de 2022, às 17h00

Nações Unidas revelaram que 51 mil pessoas foram evacuadas através das seis passagens seguras [UN Photo/Loey Felipe ]

A crise na Ucrânia voltou ao debate nesta sexta-feira (11) em encontro de emergência do Conselho de Segurança.

Na sessão realizada a pedido da Rússia, discursaram a alta representante para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, e a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo.

Armas biológicas

Sobre relatos dando conta de programas de armas biológicas, a chefe dos Assuntos de Desarmamento disse que as Nações Unidas não estão cientes de quaisquer iniciativas desse gênero.

Izumi Nakamitsu  ressaltou que tal se deve, em grande parte, à Convenção de Armas Biológicas de 1972. O tratado proíbe o desenvolvimento, a produção, a aquisição, a transferência, o armazenamento e o uso do tipo de armamento.

A alta representante enfatizou ainda que as armas biológicas são proibidas desde 1975, quando entrou em vigor o tratado que define o tipo de armas como universalmente “abomináveis ​​e ilegítimas”. Pelo menos 183 Estados aderiram à Convenção da ONU de Armas Biológicas.

Instalações nucleares

Mas Nakamitsu pediu que seja abordada “a  questão preocupante da segurança das centrais nucleares na Ucrânia”, destacando que é preciso evitar um acidente envolvendo o tipo de instalações pelas graves consequências para a saúde pública e o ambiente.

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A possibilidade de um acidente causado por uma falha na energia de um reator, abastecimento ou a incapacidade de fornecer manutenção regular está crescendo a cada dia.

 A lógica do diálogo e da diplomacia deve prevalecer sobre a lógica da guerra

Já a chefe dos Assuntos Políticos disse ter recebido relatos confiáveis ​​sobre uso de munição de fragmentação por forças russas na Ucrânia,  inclusive em áreas povoadas.

Rosemary DiCarlo ressaltou  a proibição desses ataques indiscriminados pelo Direito Internacional Humanitário, incluindo aqueles em que se usa o tipo de armamento para atacar alvos militares, populações ou bens civis sem distinção.

Crimes de guerra

DiCarlo disse que a lei proíbe o lançamento deste tipo de ataques contra civis e bens da população, bem como bombardeios de áreas em cidades e aldeias advertindo que podem ser considerados crimes de guerra.

Para a representante da ONU, a necessidade de negociações para acabar com a guerra na Ucrânia “não pode ser mais urgente”.

Depois de três rodadas de conversações entre delegações ucranianas e russas, o apelo é que tais esforços se intensifiquem.

Uma das prioridades seria garantir ainda mais acordos humanitários e de cessar-fogo.

Maternidade em Mariupol

A chefe dos Assuntos Políticos defende que a “lógica do diálogo e da diplomacia deve prevalecer sobre a lógica da guerra”.

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A Organização Mundial da Saúde confirmou 26 ataques a unidades, profissionais de saúde e ambulâncias como 12 mortes e 34 feridos.

A série de incidentes inclui o bombardeio da maternidade em Mariupol na quarta-feira.

Estima-se que o número de refugiados ucranianos atingiu 2,5 milhões de pessoas e continua aumentando a cada dia.

As Nações Unidas revelaram ainda que 51 mil pessoas foram evacuadas através de cinco das seis passagens seguras acordadas entre as duas partes.

O conflito já causou mais de 1.546 vítimas civis, incluindo 564 mortos e 982 feridos desde 24 de fevereiro.

Publicado originalmente em ONU News