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Turquia e Israel podem fornecer gás à Europa, afirma Erdogan

Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan em Ancara, 2 de fevereiro de 2022 [Doğukan Keskinkılıç/Agência Anadolu]

A Turquia pode trabalhar com Israel para transportar gás natural do estado ocupante à Europa, após negociações sobre cooperação no setor energético entre ambos os países, previstas para março, afirmou nesta quinta-feira (3) o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Ancara busca atenuar tensões regionais com Israel e outros países, como parte de esforços introduzidos em 2020. Em aparente reaproximação após anos de animosidade, Erdogan confirmou que o presidente israelense Isaac Herzog visitará a Turquia em meados de março.

Durante coletiva de imprensa ao retornar de Kiev, capital da Ucrânia, Erdogan observou que a cooperação energética estará em pauta durante a visita de Herzog e reiterou que seu governo negocia um acordo de fornecimento de gás natural com o governo iraquiano.

Relações entre Turquia e Israel se deterioraram após o ataque de agentes especiais israelenses contra a embarcação humanitária Mavi Marmara, em águas internacionais, em maio de 2010. Na ocasião, nove tripulantes turcos foram mortos e outro faleceu de seus ferimentos.

A embarcação navegava em direção à Faixa de Gaza, como parte da Flotilha da Liberdade, a fim de romper o cerco israelense imposto sobre o território palestino. Após o ataque, o governo em Ancara retirou seu embaixador de Tel Aviv.

Relações entre Turquia e Arábia Saudita também se deterioraram por divergências diplomáticas, por seu respectivo envolvimento na guerra civil da Síria e pelo apoio da Turquia ao Catar, após o reino e seus aliados —  Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein e Egito — instituírem um severo bloqueio ao país do Golfo, em 2017.

Entretanto, tensões entre Ancara e Riad atingiram seu ápice após o assassinato brutal do jornalista saudita Jamal Khashoggi, radicado nos Estados Unidos, dentro do consulado da monarquia em Istambul, em outubro de 2018.

Após meses de investigações, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que os agentes sauditas executaram Khashoggi sob ordens diretas de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da monarquia.

Neste contexto, Erdogan passou a reivindicar justiça. Em resposta, Riad lançou uma campanha de boicote à Turquia, incluindo turismo, importação de alimentos, setor imobiliário e relações empresariais. A campanha reuniu apoio de figuras de destaque na coroa saudita.

Em maio de 2019, Faisal Bin Bandar al-Saud, proeminente governador de Riad, recusou-se a beber café da Turquia. Em agosto do mesmo ano, o Ministério da Educação fez uma série de alterações em seus livros didáticos, ao referir-se ao Império Otomano como “ocupação”.

Não obstante, as relações entre as partes aparentemente melhoraram desde janeiro de 2021, quando chegou ao fim o bloqueio ao Catar.

LEIA: Turquia e Israel buscam normalizar laços apesar de apreensões mútuas

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