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Cerco a prisão no nordeste da Síria isola crianças de até nove anos

Crianças sírias em um campo de refugiados na província de Idlib, 20 de novembro de 2021 [İzzettin Kasım/Agência Anadolu]

Receios emergiram de que cerca de 850 crianças, algumas com apenas nove anos de idade, estejam presas dentro de uma cadeia no nordeste da Síria, após uma ataque conduzido por combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh).

Na última quinta-feira (20), prisioneiros do Daesh escaparam após um carro-bomba ser detonado próximo aos muros da prisão; veículos então invadiram a área. Militantes da organização deixaram suas celas, mataram guardas e fugiram, segundo as informações.

O grupo terrorista tentava libertar cerca de 3.500 militantes em custódia no local; no processo, seus militantes tomaram um grupo de meninos como escudos humanos. A maioria dos reféns são refugiados de dezenas de países, como Síria e Iraque.

No último ano, o Human Rights Watch (HRW) advertiu que aproximadamente 43 mil homens, mulheres e crianças de outros países, vinculados de alguma maneira ao Daesh, permaneciam detidos ilegalmente em condições bastante precárias no nordeste da Síria.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), tropas dos Estados Unidos e das Forças Democráticas da Síria (FDS) invadiram a penitenciária para retomar seu controle, o que impôs “risco imediato” às crianças e adolescentes.

Forças Democráticas da Síria entram em confronto com Daesh na prisão de Guweiran

Um rapaz australiano de 17 anos relatou ser ferido na cabeça em meio aos esforços para recapturar a prisão e testemunhou amigos, entre 14 e 15 anos, serem baleados e mortos.

Segundo a FDS, ao menos 550 militantes se renderam e 220 pessoas faleceram.

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Em testemunho gravado em áudio dentro da prisão, um menino pede ajuda: “Não há médicos aqui para nos ajudar! Há muitas, muitas pessoas mortas na minha frente!”

Letta Tayler, codiretora da Divisão de Crise e Conflito do Human Rights Watch, reportou no Twitter ter contactado cidadãos estrangeiros mantidos na penitenciária, que manifestaram apreensão de serem baleados caso deixem o perímetro.

Os reféns e outras pessoas presas no fogo cruzado pedem à Organização das Nações Unidas (ONU) para negociar seu salvo-conduto. Um jovem estadunidense de 18 anos destacou seus apelos por comida e água, após seis dias sem se alimentar devidamente.

Letta Tayler, diretora do HRW, confirma contato com cidadãos estrangeiros na prisão de Guweiran

Segundo Tayler, há um surto de tuberculose na cadeia e a quarentena foi violada.

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“Todos os envolvidos nos combates na prisão de Guweiran têm a responsabilidade de proteger as crianças de qualquer mal”, declarou Sonia Khush, diretora regional da ong Save The Children. “Instamos todos a agir imediatamente para que as crianças saíam em segurança”.

“A culpa por qualquer coisa que aconteça a essas crianças repousa também sobre os governos estrangeiros que abandonaram seus cidadãos na Síria”, acrescentou Khush. “Riscos de trauma ou morte são diretamente vinculados à recusa desses governos em levá-las para a casa”.

“Todas as crianças estrangeiras devem ser repatriadas junto de suas famílias, sem maior atraso”, concluiu a diretora da Save The Children. “A comunidade internacional não pode lavar as mãos, manchadas com o sangue dessas crianças”.

 

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