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Refugiados eritreus lançam greve de fome no Egito; deportação se aproxima

Refugiados eritreus em um parque público, 13 de março de 2008 [JACK GUEZ/AFP via Getty Images]

Dez refugiados eritreus detidos na província egípcia do Mar Vermelho, desde 2019, deram início a uma campanha de greve de fome há quatro dias.

Autoridades egípcias negaram aos detidos qualquer contato com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) — portanto, sem registrá-los na agência.

Segundo Sofian Philip Naceur, pesquisador do escritório norte-africano da Fundação Rosa Luxemburgo, em postagem no Twitter, os dez refugiados eritreus serão transferidos ao Cairo nesta quarta-feira (17) e deportados amanhã a seu país natal.

Nos últimos 15 dias, oito eritreus de uma mesma família foram expulsos do Egito. Os refugiados em questão também permaneceram detidos na província do Mar Vermelho desde 2019, acusados de adentrar ilegalmente no Egito.

Segundo o jornal independente Mada Masr, há cerca de 300 imigrantes eritreus presos em todo o país, sob alegações de trespassar a fronteira e risco de deportação.

LEIA: Grupos de direitos denunciam o julgamento saudita de dez núbios egípcios

De acordo com Naceur, o regime egípcio deixou de registrar deportações diretas à Eritreia há anos. “Não está claro se as autoridades mudaram sua abordagem sobre os refugiados em 2021, ao pressionar por uma política mais rigorosa de deportações”.

Uma das principais razões do êxodo eritreu é o recrutamento compulsório, seja no exército ou serviço civil, por remunerações baixas ou mesmo inexistentes.

Cadetes são frequentemente torturados e abusados; mulheres são submetidas a violência sexual. O tempo de serviço é indefinido e pode durar anos. Em 2016, uma comissão das Nações Unidas equivaleu o serviço obrigatório no país à escravidão.

Egito e Eritreia são aliados regionais e seus líderes se encontraram diversas vezes nos últimos anos, para fundamentar relações em agricultura, comércio e educação.

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