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A Argélia espera desempenhar ‘papel efetivo’ na Líbia após reunião ministerial, dizem analistas

O ministro das Relações Exteriores da Argélia, Sabri Boukadoum, se encontra com funcionários do governo paralelo do leste da Líbia, na cidade costeira de Benghazi, no leste da Líbia, em 5 de fevereiro de 2020 [Abdullah Doma/AFP via Getty Images]

O anúncio da Argélia de que vai sediar uma reunião ministerial na presença dos chanceleres dos países vizinhos da Líbia no final do mês levantou algumas questões sobre os objetivos da cúpula e como ela poderia estar ligada às próximas eleições e aos que as concorrem.

A Argélia sediará uma reunião para discutir o dossiê da Líbia nos dias 30 e 31 de agosto, com a presença dos chanceleres de Egito, Líbia, Tunísia, Sudão, Chade e Níger, juntamente com representantes do secretário-geral das Nações Unidas e da União Africana (UA), com o objetivo de ajudar a Líbia a encontrar uma solução política pacífica para a sua crise.

Segundo observadores, a reunião visa exercer pressão sobre o Governo de Unidade Nacional (GNU, na sigla em inglês) e o Conselho Presidencial da Líbia, para que realizem as eleições a tempo no final de dezembro.

Mohamed Al-Hadi, membro do Alto Conselho de Estado da Líbia, disse: “O papel da Argélia começou a se cristalizar e a se tornar mais ativo após a expansão de Haftar na fronteira da Líbia com a Tunísia, sobretudo porque o comandante das forças orientais é apoiado pelo Egito, que discorda da Argélia em relação ao arquivo da Líbia”.

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“A Argélia está agora tentando desempenhar um papel efetivo e forte no arquivo da Líbia”, acrescentou. “Este passo é considerado positivo, embora tenha chegado tarde. Acredito que o objetivo seja garantir uma presença forte na Líbia para conseguir um equilíbrio com os outros países, pois eles não estão muito preocupados em apoiar a transição pacífica de poder na Líbia pelo apoio às eleições, dado que grande parte das iniciativas propostas por Argel são fracas e ineficazes.”

Khairy Omar, acadêmico egípcio especializado em assuntos líbios, destacou que a reunião agendada “indica a convergência de pontos de vista entre a Argélia e o Egito em relação ao arquivo líbio; e esse consenso entre os dois países apoiará o andamento das próximas eleições e a chegada de novas personalidades ao poder”.

“Todos os partidos políticos e candidatos potenciais serão abordados”, explicou Omar, acrescentando: “e, mais importante, o consenso sobre a transferência pacífica do poder”.

Moussa Tehusai, jornalista do sul da Líbia, destacou que “a Argélia é muito sensível ao que está acontecendo na Tunísia agora, além do crescente papel de Haftar no sul perto de suas fronteiras, o que a torna disposta a buscar limites o impacto dessas duas questões”.

“A Argélia está tentando restaurar seu papel natural no que diz respeito ao arquivo da Líbia, já que se manteve afastada desse assunto por anos e não desempenhou um papel efetivo.”

Essa reunião, explicou ele, “vem dentro dessa estrutura”.

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