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Argélia militariza fronteira com Marrocos e considera fechar espaço aéreo

21 de agosto de 2021, às 13h13

Forças de segurança marroquinas ficam de guarda enquanto fazendeiros marroquinos protestam na cidade fronteiriça de Figuig, em 18 de março de 2021 [Fadel Senna/AFP via Getty Images]

As relações entre o Marrocos e a Argélia sofreram uma reviravolta perigosa depois que a Argélia militarizou sua fronteira com o Marrocos. Observadores não descartaram a possibilidade de fechar o espaço aéreo compartilhado com seu vizinho ocidental.

O Alto Conselho de Estado argelino, chefiado pelo presidente, Abdelmadjid Tebboune, realizou uma reunião extraordinária na última quarta-feira e acusou Rabat de ameaçar a estabilidade e a segurança da Argélia em coordenação com Israel.

No seu comunicado, o conselho acusa as autoridades marroquinas de provocarem os incêndios no país com a ajuda do movimento independente Kabyle (MAK, na sigla em inglês), ao mesmo tempo em que anuncia a sua intenção de reconsiderar as relações com o Marrocos.

No início desta semana, o chanceler argelino Ramtane Lamamra acusou o Marrocos de coordenar com Israel para desestabilizar a Argélia e denunciou as declarações do chanceler israelense, que falou sobre a coordenação entre Argélia e Irã durante sua visita a Rabat.

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A imprensa argelina está empreendendo uma campanha sem precedentes contra o Marrocos, como o jornal Algérie Patriotique, que noticiou na noite de sexta-feira que a Argélia está considerando suspender a ligação aérea entre Argel e Casablanca para reconsiderar as relações bilaterais entre os dois países.

O jornal, propriedade do ex-ministro da Defesa Khaled Nizar, confirmou que o exército argelino militarizou a fronteira com Marrocos e declarou estado de emergência excepcional.

O Marrocos, por sua vez, intensificou a sua presença militar nas fronteiras e teme-se que a tensão conduza a escaramuças militares.

Apesar das medidas anunciadas pela Argélia, incluindo a revisão das relações, Rabat manteve-se calado e não respondeu à declaração do Alto Conselho de Estado argelino.

A imprensa marroquina interpreta as recentes posições da Argélia como uma tentativa da autoridade de exportar seus problemas internos para o exterior.

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