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Sinwar transpôs responsabilidade por Gaza de Israel ao Egito, alega analista israelense

Abbas Kamil (à direita), chefe de inteligência do Egito, encontra-se com Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza, na Cidade de Gaza, 31 de maio de 2021 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Após o fim da última ofensiva contra a Faixa de Gaza, Israel manteve todas as travessias ao território costeiro absolutamente fechadas e bens essenciais chegam à região apenas via Egito. Para Alex Fishman, trata-se da maior conquista não-militar da recente campanha sionista.

Em artigo à rede Ynet News, o correspondente militar israelense argumentou que o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, ajudou Israel a alcançar um objetivo de décadas.

“Graças à miopia política de Sinwar, Israel pôde enfim libertar-se de seu dever sobre os residentes de Gaza”, escreveu Fishman. “Quando Sinwar deu ordens para disparar foguetes a Jerusalém, em 10 de maio, não previu uma mudança política fundamental em Israel”.

“O Cairo incisivamente evitou qualquer responsabilidade por anos, ao optar por uma posição menos exposta de mediador regional”, prosseguiu o articulista.

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“Entretanto, quanto mais Israel se esquiva da responsabilidade sobre a entrada de bens e recursos para reabilitar Gaza, mais o Egito encontra a si mesmo — contra sua vontade — profundamente envolvido na gestão da crise”, declarou Fishman.

“Israel agora transfere bens considerados ajuda humanitária e combustível em capacidade bastante limitada”, reiterou, ao apontar o fato como resultado de um suposto “erro de cálculo” do líder palestino do movimento de resistência no território sitiado.

Segundo Fishman, as conversas esporádicas e indiretas entre a resistência palestina e a ocupação israelense no Cairo são apenas “truques”.

“Nas conversas da última semana, Israel priorizou o retorno de dois prisioneiros israelenses e os corpos de dois soldados mantidos pelo Hamas como prerrequisito à recuperação de Gaza, sabendo muito bem que o grupo terrorista opor-se-ia à ideia”, acrescentou.

“Trata-se de mero ardil e Israel já deixou claro ao Hamas que não há mais acordos a serem feitos”, assegurou o colunista israelense.

Fishman alertou ainda que, caso o Hamas decida responder com violência à posição de Israel, será uma política suicida. “As Forças de Defesa de Israel aguardam o primeiro projétil para ter uma razão para destruir os arsenais remanescentes do grupo”.

“Até o início de 2022, Israel terá concluído sua nova cerca de fronteira reforçada com Gaza”, concluiu Fishman. “A barreira subterrânea contra túneis ao território israelense já foi consumada … A separação física total entre Gaza e Israel é quase completa”.

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